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Segundo parlamentar, na atual legislatura “não havia acontecido tamanha mobilização espontânea dentro do Congresso” (Foto: Brizza Cavalcante/Agência Câmara)
O deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) declara-se otimista em relação à instalação da Comissão Parlamentar de Inquéiro (CPI) da Privataria. O requerimento formulado por ele pede investigação em profundidade das denúncias de irregularidades no processo de privatização de estatais na década de 1990 e de lavagem de dinheiro envolvendo figuras ligadas ao PSDB.
Entre os alvos da CPI estão expoentes do governo Fernando Henrique Cardoso, como o ex-governador de São Paulo José Serra, e o ex-tesoureiro de campanhas tucanas e ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira. As acusações foram feitas pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior em seu livro “A Privataria tucana”, lançado na semana passada.
Segundo Protógenes, a receptividade a seu requerimento é “surpreendente” até o momento “Curiosamente está havendo uma grande adesão dentro do Congresso, inclusive de parlamentares da oposição (ao governo Dilma Rousseff). Já temos assinaturas até de deputados do próprio PSDB”, garantiu à Rede Brasil Atual. Ele preferiu não revelar os nomes dos tucanos que aderiram.
Protógenes garante ter “mais de 100 assinaturas” angariadas no primeiro dia de circulação do requerimento. Pelo regimento da Casa, é necessário o apoio de pelo menos 171 deputados. “Nesta legislatura ainda não havia acontecido tamanha mobilização espontânea dentro do Congresso”, avalia. A maioria dos deputados é de partidos aliados ao atual governo, enquanto PSDB, DEM e PPS, de oposição, possuem juntos 87 dos 513 parlamentares.
Ele lembra que o apoio de colegas do PSDB à iniciativa começaram quando o deputado apresentou o requerimento no plenário da Câmara. Por essa razão, ainda na terça-feira (13) Protógenes reuniu-se com o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), que lhe garantiu que a CPI será instalada caso alcance ao número mínimo de assinaturas exigidas.
Segundo o deputado, além da necessidade de se apurar e punir eventuais crimes de desvios de recursos públicos, lavagem de dinheiro e corrupção, é preciso investigar também as razões para os resultados insatisfatórios das privatizações consumadas no governo FHC. “Os congressistas estão indignados com o sucateamento das empresas estatais que foram entregues à iniciativa privada”, disse Protógenes.
Pressão
A repercussão que o lançamento do jornalista Amaury Ribeiro Júnior obteve fora da velha mídia – em especial nas redes sociais e em blogues – é, segundo Delegado Protógenes, essencial para que os congressistas demonstrem disposição para investigar as informações e documentos publicados. “A sociedade está demonstrando que quer a apuração dos fatos e é preciso que a mobilização continue, para que a Câmara siga empenhada em apoiar a instalação de uma CPI séria e relevante”, concluiu.
Protógenes é conhecedor de alguns personagens de “Privataria tucana”. O banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, surge nos relatos referentes à privatização das telecomunicações, em 1998 e em movimentações apontadas como evasão de divisas ou lavagem de dinheiro por meio de um esquema com doleiros por meio do Banestado, extinto em 2000. Dantas foi preso durante a Operação Satiagraha da Polícia Federal, em 2008, comandada pelo delegado Protógenes.
Confira aqui a íntegra do requerimento para a CPI da Privataria
Colaborou Luiz Braz
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