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Carlos Marighella nasceu em Salvador, Bahia, em cinco de dezembro de 1911. Era filho de imigrante italiano com uma negra descendente dos haussás, conhecidos pela combatividade nas sublevações contra a escravidão. De origem humilde, ainda adolescente despertou para as lutas sociais. Aos 18 anos iniciou curso de Engenharia na Escola Politécnica da Bahia e tornou-se militante do Partido Comunista, dedicando sua vida à causa dos trabalhadores, da independência nacional e do socialismo. O auge da Ditadura Militar, a partir do final de 1968, culminou numa repressão sem precedentes. Marighella passou a ser apontado como Inimigo Público Número Um, transformando-se em alvo de uma caçada que envolveu, a nível nacional, toda a estrutura da polícia política. Na noite de 4 de novembro de 1969, surpreendido por uma emboscada na alameda Casa Branca, na capital paulista, Carlos Marighella tombou varado pelas balas dos agentes do DOPS sob a chefia do delegado Sérgio Paranhos Fleury. Para lembrar o centenário deste homem que sonhou um Brasil melhor, no próximo dia 5 de dezembro vamos realizar um ato no auditório da Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima, em Pinheiros. Saiba mais sobre Carlos Marighella abaixo ou:www.carlos.marighella.nom.br.
Veja um vídeo sobre o ato em 4 de novembro de 2011 no local de sua morte, na Al. Casa Branca que, neste dia virou, Al. Carlos Marighella: www.youtube.com/watch?v=lcBcSy3KTeE
Centenário de Carlos Marighella – Programação da noite
19h00 – Exibição de vídeos sobre sua vida
20h00 – Depoimentos sobre sua militância e leituras de textos e poesias de seu livro “Rondó da Liberdade”, com a participação do músico e escritor Erton Morais, o agitador cultural e coordenador da AEUSP Adriano Mogli, o coordenador do projeto O Autor na Praça Edson Lima e outros convidados.
21h30 – Apresentação musical com Dinho Nascimento acompanhado de Cecília Pellegrini nos vocais e Gabriel Nascimento na percussão. Dinho vai apresentar dois poemas de Marighella que ele musicou e pretende gravar em breve.
“É preciso não ter medo, é preciso ter a coragem de dizer.”
(Palavras de Marighella na poesia “Rondó da Liberdade”)
Ato pelo centenário de nascimento de Carlos Marighella
Dia 5 de dezembro, Segunda-feira, das 19h as 22h
Auditório da Biblioteca Municipal Alceu Amoroso Lima – Entrada Franca
Av. Henrique Schaumann, 777 – Pinheiros – São Paulo (SP) – Tel. 3082 5023 / 3063 3064
Realização: O Autor na Praça, Trokaoslixo, AEUSP e Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima.
Assessoria de Imprensa: Edson Lima – 9586 5577 – edsonlima@oautornapraca.com.br.
Apoio: Secretaria Municipal de Cultura / Prefeitura do Município de São Paulo / AEUSP – Associação dos Educadores da USP.
Saiba sobre a programação do centenário de Carlos Marighella em Salvador-BA, onde nasceu dia 5/12/1911: www.vermelho.org.br/ba/noticia.php?id_noticia=169804&id_secao=58
Vida – Carlos Marighella nasceu em Salvador, Bahia, em 5 de dezembro de 1911. Era filho de imigrante italiano com uma negra descendente dos haussás, conhecidos pela combatividade nas sublevações contra a escravidão. De origem humilde, ainda adolescente despertou para as lutas sociais. Aos 18 anos iniciou curso de Engenharia na Escola Politécnica da Bahia e tornou-se militante do Partido Comunista, dedicando sua vida à causa dos trabalhadores, da independência nacional e do socialismo. Conheceu a prisão pela primeira vez em 1932, após escrever um poema contendo críticas ao interventor Juracy Magalhães. Libertado, prosseguiria na militância política, interrompendo os estudos universitários no 3o ano, em 1932, quando se deslocou para o Rio de Janeiro. Em 1º de maio de 1936 Marighella foi novamente preso e enfrentou, durante 23 dias, as terríveis torturas da polícia de Filinto Müller. Permaneceu encarcerado por um ano e, quando solto pela “macedada” – nome da medida que libertou os presos políticos sem condenação — deixou o exemplo de uma tenacidade impressionante. Transferindo-se para São Paulo, Marighella passou a agir em torno de dois eixos: a reorganização dos revolucionários comunistas, duramente atingidos pela repressão, e o combate ao terror imposto pela ditadura de Getúlio Vargas. Voltaria aos cárceres em 1939, sendo mais uma vez torturado de forma brutal na Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo, mas se negando a fornecer qualquer informação à polícia. Na CPI que investigaria os crimes do Estado Novo o médico Dr. Nilo Rodrigues deporia que, com referência a Marighella, nunca vira tamanha resistência a maus tratos nem tanta bravura. Recolhido aos presídios de Fernando de Noronha e Ilha Grande pelos seis anos seguintes, ele dirigiria sua energia revolucionária ao trabalho de educação cultural e política dos companheiros de cadeia. Anistiado em abril de 1945, participou do processo de redemocratização do país e da reorganização do Partido Comunista na legalidade. Deposto o ditador Vargas e convocadas eleições gerais, foi eleito deputado federal constituinte pelo estado da Bahia. Seria apontado como um dos mais aguerridos parlamentares de todas as bancadas, proferindo, em menos de dois anos, cerca de duzentos discursos em que tomou, invariavelmente, a defesa das aspirações operárias, denunciando as péssimas condições de vida do povo brasileiro e a crescente penetração imperialista no país. Com o mandato cassado pela repressão que o governo Dutra desencadeou contra os comunistas, Marighella foi obrigado a retornar à clandestinidade em 1948, condição em que permaneceria por mais de duas décadas, até seu assassinato. Nos anos 50, exercendo novamente a militância em São Paulo, tomaria parte ativa nas lutas populares do período, em defesa do monopólio estatal do petróleo e contra o envio de soldados brasileiros à Coréia e a desnacionalização da economia. Cada vez mais, Carlos Marighella voltaria suas reflexões em direção do problema agrário, redigindo, em 1958, o ensaio “Alguns aspectos da renda da terra no Brasil”, o primeiro de uma série de análises teórico-políticas que elaborou até 1969. Nesta fase visitaria a China Popular e a União Soviética e, anos depois, conheceria Cuba. Em suas viagens pôde examinar de perto as experiências revolucionárias vitoriosas daqueles países. Após o golpe militar de 1964, Marighella foi localizado por agentes do DOPS carioca em 9 de maio num cinema do bairro da Tijuca. Enfrentou os policiais que o cercavam com socos e gritos de “Abaixo a ditadura militar fascista” e “Viva a democracia”, recebendo um tiro a queima-roupa no peito. Descrevendo o episódio no livro “Por que resisti à prisão”, ele afirmaria: “Minha força vinha mesmo era da convicção política, da certeza (…) de que a liberdade não se defende senão resistindo”. Repetindo a postura de altivez das prisões anteriores, Marighella fez de sua defesa um ataque aos crimes e ao obscurantismo que imperava desde 1o de abril. Conseguiu, com isso, catalisar um movimento de solidariedade que forçou os militares a aceitar um habeas-corpus e sua libertação imediata. Desse momento em diante, intensificou o combate à ditadura utilizando todos os meios de luta na tentativa de impedir a consolidação de um regime ilegal e ilegítimo. Mas, mantendo o país sob terror policial, o governo sufocou os sindicatos e suspendeu as garantias constitucionais dos cidadãos, enquanto estrangulava o parlamento. Na ocasião, Carlos Marighella aprofundou as divergências com o Partido Comunista, criticando seu imobilismo. Em dezembro de 1966, em carta à Comissão Executiva do PCB, requereu seu desligamento da mesma, explicitando a disposição de lutar revolucionariamente junto às massas, em vez de ficar à espera das regras do jogo político e burocrático convencional que, segundo entendia, imperava na liderança. E quando já não havia outra solução, conforme suas próprias palavras, fundou a ALN – Ação Libertadora Nacional para, de armas em punho, enfrentar a ditadura. O endurecimento do regime militar, a partir do final de 1968, culminou numa repressão sem precedentes. Marighella passou a ser apontado como Inimigo Público Número Um, transformando-se em alvo de uma caçada que envolveu, a nível nacional, toda a estrutura da polícia política. Na noite de 4 de novembro de 1969, surpreendido por uma emboscada na alameda Casa Branca, na capital paulista, Carlos Marighella tombou varado pelas balas dos agentes do DOPS sob a chefia do delegado Sérgio Paranhos Fleury.