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Televisão
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013 08h41
Rincões da TV escondem canais ultrassegmentados
Nos EUA, programação atende de cães a bebês de até seis meses de idade
Emissora voltada para autistas pretende ampliar público com disponibilidade de conteúdo para tablets
FERNANDA REISDE SÃO PAULO
Foi-se o tempo em que televisão de cachorro era sinônimo de frango de padaria. Além de fazer acupuntura, terapia e frequentar creches, seu cão pode agora-por até US$ 10 (cerca de R$ 20) mensais- desfrutar de 24 horas de programação inteiramente feita para ele.
O canal DogTV, disponível na televisão em algumas cidades americanas e na internet, tem como objetivo entreter os cães enquanto seus donos não estão em casa.
Há vídeos para "relaxar" o animal -com cenas de cães dormindo e olhando o horizonte- e para "estimulá-lo"-neles, cachorros brincam alegremente e bolas rolam por campos verdes.
Segundo o site, é fato que os animais apreciam a programação -opinião não compartilhada pelos cães desta repórter, que demonstraram pelos vídeos o mesmo interesse que teriam pela exibição do filme "Cidadão Kane".
De acordo com o professor Enrico Lippi Ortolani, diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, entretanto, a ideia do DogTV não é de todo absurda.
"Se você mostrar a cachorros a imagem de um humano e a de um cão, eles vão prestar mais atenção no cão", afirma. "E eles são movidos a movimento. A imagem é um estímulo", acrescenta.
O som também ajuda: a trilha sonora varia conforme a intenção do vídeo, relaxante ou instigante. "Os cachorros têm reações diferentes a ritmos suaves ou agitados. Eles têm uma audição altamente diferenciada", diz Ortolani.
O canal disponibiliza alguns vídeos gratuitamente na internet, no site dogtv.com. Para uma programação ilimitada, entretanto, é preciso pagar. O pacote mais em conta, com duração de um ano, custa US$ 70 (cerca de R$ 140). Para um mês, o valor fica nos US$ 10 (cerca de R$ 20).
SEGMENTAÇÃO
O DogTV não é o único canal com um público-alvo bastante específico escondido nos rincões da internet e da televisão. Há opções para surdos, autistas, pescadores e bebês de até seis meses.
O Baby First TV, por exemplo, pode ser visto na televisão em alguns países da Europa, da Ásia, da América Latina e disponibiliza seus programas na internet, pelo site www.babyfirsttv.com.
As atrações são bastante simples -pense numa versão de "Teletubbies" para crianças ainda mais novas. Há poucas falas, bastante música e cores em proporções lisérgicas. Parte da programação é gratuita. Para o acesso a todos os vídeos, os valores variam de US$ 3 (cerca de R$ 6) mensais a US$ 80 (cerca de R$ 160) anuais.
Menos heterodoxo é o canal americano World Fishing Network, que tem um bom acervo on-line de vídeos, com dicas de equipamento e demonstrações de técnicas de pescaria. O site -www.worldfishingnetwork.com reúne conteúdo próprio e de outros produtores.
A oferta de canais ultrassegmentados ainda deve crescer: disponível nas televisões americanas, o Autism Channel -com programas para autistas que passam por reality show, notícias e entretenimento-no futuro, será disponibilizado em tablets.