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Hana Shalabi, a palestina em detenção administrativa na prisão Sharon, em Israel, entrou em seu 34º dia de greve de fome correndo risco de morte iminente. O anúncio foi feito na segunda-feira (19) pela médica que a examinou a pedido da organização israelense Physicians for Human Rights (Médicos por Direitos Humanos, PHR-I).
O exame clínico constatou uma deterioração significativa na saúde de Hana, com debilidade muscular, perda de peso (14 quilos), pulso muito fraco e queda nos níveis de sódio do sangue. Esses sintomas sinalizam problemas cardíacos graves e o início do enfraquecimento do músculo do coração, o que pode levar a sua paralisação a qualquer momento.
Além disso, Hana tem hipotermia (baixa temperatura corporal, em torno de 35oC) e sente frio. Isso significa que a energia produzida por seu organismo está voltada aos órgãos essenciais, o que também pode indicar problemas cardíacos como arritmia e deterioração sistêmica. Também pode ocorrer morte súbita. Ela não está tomando medicamentos e depende de ajuda para se locomover. Sente muita fraqueza, dores pelo corpo, sensibilidade na parte superior do abdômen e tontura. Sua pressão está muito baixa.
Os resultados do exame de sangue feito em 14 de março mostraram queda nos níveis de glicose e sódio, além de danos na tireoide. Essa glândula tem papel importante na manutenção da temperatura corporal e das funções do coração, do fígado e do cérebro. Quando não funciona de maneira adequada, a tireoide pode levar ao coma, um risco que Hana está correndo. O exame de sangue feito no dia 19 indicou dificuldade de coagulação, falta de ferro e de vitaminas.
Logo depois da consulta, a médica diagnosticou perigo de morte e recomendou que Hana Shalabi fosse transferida de imediato para um hospital. O Serviço Prisional de Israel (SPI) anunciou que ela foi levada ao hospital Meir, em Kfar Saba.
O PHR-I e a Autoridade Nacional Palestina pediram à comunidade internacional ação imediata no sentido de intervir para a libertação de Hana Shalabi e para o fim da detenção administrativa. Os protestos entre os que cumprem essa pena vêm crescendo. Quatro detidos iniciaram greve de fome no início de março e grande parte deles recusa-se a participar das audiências nos tribunais militares. O PHR-I lembra que, dado o uso da detenção administrativa e a relutância do tribunal militar em interferir nessa prática, a greve de fome é o único método não-violento disponível para que os detentos protestem e lutem por seus direitos básicos.
Hoje, 309 palestinos cumprem detenção administrativa nas prisões israelenses. Esse recurso permite que Israel os mantenha encarcerados indefinidamente, em períodos que se renovam a cada seis meses. A detenção baseia-se em “informações secretas”, sem acusação formal, sem processo e sem direito a defesa.