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A Internet vem ganhando a preferência da população como veículo para se informar sobre a cidade, o Brasil e o mundo. Apesar de empatar em 43% com os jornais impressos, em meio habitual de informação, na soma de portais, blogs e indicação de amigos nas redes sociais virtuais, a Internet ultrapassa o impresso. Estes são alguns dos indicadores da pesquisa “Democratização da mídia”, realizada pelo Núcleo de Estudos e Opinião Pública (Neop) da Fundação Perseu Abramo (FPA) e apresentada na última sexta-feira, 16, em São Paulo.
De acordo com o estudo, realizado entre 20 de abril e 6 de maio deste ano, que ouviu 2.400 pessoas acima dos 16 anos, que vivem em áreas urbanas e rurais de 120 municípios distribuídos nas cinco regiões do Brasil, 82% assistem diariamente a TV aberta, mas quase a metade, 43%, disse não se reconhecer na programação difundida pelo veículo e 25% se veem retratados negativamente, contra 32% positivamente. “A TV tem maior uso da população, mas o rádio tem maior alcance em cidades mais distantes”, informou o coordenador da pesquisa, Gustavo Venturi, coordenador do Neop.
71% são a favor de regras para concessão pública
Venturi informou que sete em cada dez brasileiros e brasileiras não sabem que as emissoras de TV aberta são concessões públicas. “Para 60% são empresas de propriedade privada, como qualquer outro negócio”, acrescentou o sociólogo na apresentação. “Mesmo assim”, salientou Venturi, “71% da população são favoráveis a que haja mais regras para se definir a programação veiculada”.
Ao ser aventada a hipótese de existir mais regras para a programação e publicidade na TV, a maioria dos entrevistados e entrevistadas, 46%, disse preferir o controle social de um “órgão ou conselho que represente a sociedade” a auto-regulamentação, 31%, como ocorre hoje, e 19% declararam ser favoráveis a um controle governamental.
A maioria dos entrevistados afirmou também que a TV costuma dar mais espaço para os empresários que para os trabalhadores, com 61% ante 18%, e 44% consideram que o noticiário veiculado é quase só de São Paulo e Rio de Janeiro. 39% acreditam que a TV oferece uma programação para crianças e adolescentes que é negativa para sua formação, enquanto 27% a consideram positiva. “11% dos entrevistados discordam que a mídia é imparcial”, destacou o pesquisador. Enquanto 65% relativizaram a confiança na “parcialidade e neutralidade” das informações, somente 21,9% acreditam que a mídia exponha os fatos sem privilegiar um lado.
Quanto ao tratamento da televisão aos problemas do Brasil, a percepção 56,7% dos pesquisados e pesquisadas é que é menor do deveria. Sobre a diversidade, 54% acham que a TV não mostra muito a variedade do povo e 22% observam uma invisibilidade. Não muito diferente está a percepção dos entrevistados sobre a realidade nos conteúdos veiculados pela TV: 51% acham que é mostrada apenas em parte e 23% opinaram que não é mostrada.
A maioria dos entrevistados e entrevistadas também considera que a TV retrata as mulheres às vezes, 47%, ou quase sempre, 17%, com desrespeito, assim como desrespeita os nordestinos às vezes, 44%, ou quase sempre, 19%, e ainda a população negra, 49% e 17%, respectivamente, sendo que para 52% esta população é menos retratada do que deveria.
Especificamente para a publicidade de bebidas alcoólicas, quase a totalidade, 88%, apoia mudanças na legislação, com proporção igual de entrevistados, 44%, que pedem seu banimento da TV, ou sua restrição a “horários noturnos e de madrugada”.
Acesse a pesquisa na íntegra: http://novo.fpabramo.org.br/sites/default/files/fpa-pesquisa-democratizacao-da-midia.pdf