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Carney leu uma transcrição da entrevista concedida por Obama ao programa “60 Minutes”, da rede CBS, em que o presidente afirma ter tomado a decisão por acreditar que a divulgação das imagens criaria um risco à segurança nacional.
“Eu acho que, devido à natureza muito impactante dessas fotos, [a divulgação] criaria um risco à segurança nacional”, disse Obama na entrevista, segundo Carney.
O presidente disse ter discutido o assunto com os secretários de Defesa, Robert Gates, de Estado, Hillary Clinton, e com as equipes de inteligência da Casa Branca. “Todos concordaram”, afirmou Obama.
“Nós discutimos isso internamente. Tenham em mente que nós estamos absolutamente certos de que era ele. Nós fizemos testes de DNA. Então, não há dúvida de que nós matamos Osama Bin Laden”, disse Obama.
O líder da Al Qaeda foi morto no domingo (1), com um tiro na cabeça, quando forças especiais americanas invadiram a mansão onde vivia escondido na cidade de Abbottabad, a cerca de 100 quilômetros da capital do Paquistão, Islamabad.
A decisão da Casa Branca apenas acentua o desencontro de informações e versões sobre o ataque que culminou no assassinato de Bin-Laden. Tudo o que se divulgou na segunda, terça e hoje gerou polêmica em todo o mundo e cria a necessidade de uma versão definitiva. Por isso, o presidente Obama reafirma que os EUA mataram Bin Laden e até fizeram exame de DNA, para dissipar as dúvidas e cessar a polêmica.
Na segunda-feira, a Casa Branca disse que Bin Laden foi alertado para que se rendesse e como não o fez no tempo estipulado pelo grupo de ataque da SEAL (forças especiais da marinha americana), levou um tiro em seu quarto na cidade de Abbottabad, que fica próxima à capital Islamabad.
Um dia depois, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, havia dado outra versão, dizendo que o terrorista estava desarmado quando foi assassinado pela SEAL, levantando dúvidas sobre as afirmações americanas de que eles estavam prontos para levar Bin Laden vivo.
Na segunda-feira, John Brennan, diretor do serviço de antiterrorismo de Obama, disse que a esposa de Bin Laden havia morrido após ter sido usada por ele como um escudo humano durante o ataque, em mais um ato covarde de Bin Laden.
Alguns oficiais logo desmentiram essa versão também e Carney apresentou uma nova história na terça-feira, dizendo que a esposa de Bin Laden teria atacado um dos oficiais da SEAL que tentava render seu marido e por isso recebera um tiro na perna, mas não teria morrido.
“No primeiro andar do reduto de Bin Laden, dois seguranças que vigiavam as duas entradas do refúgio foram mortos, assim como uma mulher que atravessou o fogo cruzado”, disse Carney.
Segundo ele, Bin Laden e sua família foram encontrados no segundo e terceiro andares. “Havia a preocupação de que Bin Laden fosse se opor à operação de captura e de fato ele resistiu”, completou.
Existem ainda diferentes versões sobre como um dos filhos adultos de Bin Laden, Hamza of Khalid, foi morto e há ainda mais especulações sobre o que teria sido feito do corpo. A versão de Carney divulgada na terça-feira, no entanto, nem mesmo menciona a morte do filho de Bin Laden.
O porta-voz da Casa Branca, que chegou a admitir num determinado momento que até mesmo ele estava ficando confuso, pôs a culpa sobre as divergências de informação no fato de tratar-se de uma ação de guerra e por isso haver muito tumulto envolvido.
Outro oficial concordou em falar sobre a mudança da história, desde que não tivesse o nome divulgado, dizendo que a administração não se arrepende de ter emitido informes rápidos e detalhados, que depois precisaram ser corrigidos.
O oficial disse ainda que esse profundo desencontro de informações não passaria de terça-feira e reforçou a necessidade de corrigir alguns detalhes da missão. “Havia uma forte demanda por informação… nós demos um passo à frente “, disse. “Você quer informação rápida, essas coisas sempre sofrem revisão. Tudo foi movido por uma boa intenção, mas de uma forma antecipada”, completou.
Enquanto se encontra enredada nesse cipoal de informações, contra-informações, versões desencontradas, a Casa Branca aciona seu dispositivo propagandístico e tenta capitalizar ao máximo o episódio para alavancar a popularidade de Barack Obama e potencializar sua candidatura à reeleição.
Com agências