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A nota aponta para uma fragilização das medidas de isolamento, dizendo que “os empregados em trabalho remoto podem ser convocados a retornar ao trabalho presencial para garantir o funcionamento das atividades essenciais”.
Essa ameaça de convocação dos empregados em trabalho remoto vem num momento em que as cidades do Rio de Janeiro e Brasília sofrem com reaberturas de comércio e afrouxamento de medidas de isolamento, representando enorme risco à vida dos empregados. Estes, seriam colocados em franca exposição à epidemia, em um momento em que as autoridades de saúde apontam para um pico de incidência de casos no Brasil.
O caso da Praça do Rio de Janeiro, por exemplo, é muito grave. A praça está com empregados debilitados ou com a saúde prejudicada. Um empregado foi testado positivo e outro constatou comprometimento de 50% do pulmão, permanecendo internado no hospital. Além disso, são 4 colegas afastados com sintomas da COVID-19. Ainda em relação ao RJ, a nota da EBC diz também que “No caso, houve o afastamento preventivo de todos aqueles que tiveram contato com 2 (dois) empregados que foram diagnosticados com COVID-19, respeitando-se o protocolo de 14 dias de afastamento desde o último contato”. Mas o texto não dá conta dos empregados que tiveram contato, que podem ter se contaminado, mas que não apresentaram sintomas, podendo assim transmitir a doença entre seus pares. Tal ponto poderia ser resolvido com a empresa providenciando testes para todos os que estão em serviço presencial, e que a empresa se recusa a providenciar sob o argumento de “falta de previsão orçamentária”.
Além disso, as máscaras de pano não garantem a total proteção dos trabalhadores, sobretudo em ambientes fechados, característicos de alguns pontos da emissora no Rio. Estudos comprovam que o vírus permanece no ar em lugares como o entorno de hospitais e, no caso do RJ, nos estúdios e switchers chegam a trabalhar de 4 a 5 pessoas. E justamente são esses os locais de trabalho dos colegas diagnosticados com COVID-19.
A direção da EBC segue sua linha de convocação passando por cima da própria auto declaração de coabitação, como foi o caso do colega carioca que a empresa omite na nota. A gerência de jornalismo tinha conhecimento que o empregado apresentava sintomas de saúde e, mesmo assim, no último domingo, convocou o colega para trabalhar. A convocação só foi suspensa após uma intensa discussão com auxílio da Comissão de Empregados.
O programa “Sem Censura” é o único programa transmitido pela EBC RJ, além da participação ao vivo no RBN. No atual quadro de risco à saúde e à vida dos empregados, é urgente o ISOLAMENTO GERAL, TESTES PARA TODOS e SUSPENSÃO DO PROGRAMA SEM CENSURA até que se tenha um quadro preciso dos infectados (ou se não infectados), mantendo o trabalho remoto.
O caso de Brasília também é absolutamente alarmante, principalmente devido ao tamanho de sua principal redação, que pode chegar a ter, mesmo em revezamento, mais de 50 pessoas no mesmo ambiente. Estudo da Universidade de Brasília confirmam que o período de pico para os casos do novo coronavírus ainda não chegou. O cenário mais factível, inclusive, aponta para a provável morte de mais de 2.600 pessoas. Já em SP, que já se encontra em teletrabalho devido ao alagamento do início do ano, é imprescindível que qualquer volta agendada ao trabalho nos próximos meses seja estritamente cancelada, inclusive pelas condições sanitárias ainda mais propícias à proliferações do vírus. ESSENCIAL É A VIDA do trabalhador e as entidades representativas dos empregados não medirão esforços para garantir isso e os direitos dos empregados, convocando todos a mais ampla unidade para recusar qualquer constrangimento que a empresa possa submeter o empregado e qualquer situação que possa colocar em risco sua vida. Para a recusa coletiva de trabalhar nessas condições, indicamos a cláusula 50 do ACT:
“A EBC garante aos empregados o direito de se ausentarem do local de trabalho, após comunicação à chefia imediata, sempre que se apresentarem iminente risco e/ou adversas à saúde, resguardando-se o direito de proceder à sindicância para averiguação dos fatos”.
Sindicatos do DF, RJ e SP
Comissão de Empregados da EBC