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Pedro Rios Leão não se considera jornalista. Cursou rádio e TV, não concluiu, mas usa sua câmera para noticiar e denunciar assuntos de interesse público, tentando chamar atenção da sociedade e da grande mídia. Nas últimas semanas, isso não bastou. Desde às 18h do último domingo (29), Rios está algemado e faz greve de fome em frente à sede da Rede Globo, no Rio de Janeiro. Mais do que um protesto, reivindica transparência da imprensa sobre a reintegração de posse ocorrida na comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, interior de São Paulo. A ação foi criticada por inúmeras entidades e associações de defesa de direitos humanos.
À IMPRENSA, O carioca explicou que veio a São Paulo para acompanhar a ação na comunidade, mas não imaginava que ficaria tão perturbado com o que viu, nem que isso mudaria completamente sua rotina dali em diante. “Aquilo foi um latrocínio, uma chacina cometida pelo governo do Estado de São Paulo, a mando do Naji [Nahas, que reclamou a posse do terreno]. Nunca fiquei tão assustado na minha vida”, disse. Depois disso, com as imagens feitas por sua câmera, tentou chamar atenção da imprensa.
Rios afirma que houve mortes na reintegração de posse e que, além dessas notícias não serem divulgadas, tanto o Naji Nahas, como governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o banqueiro Daniel Dantas representam um risco a sociedade e deveriam ser presos imediatamente por violação dos direitos humanos. “Esse caso não é uma questão de provas. A única coisa que pode fazê-los saírem impunes, é a imprensa abafar o caso. Eu espero que algum veículo de imprensa tenha a decência de falar o que aconteceu lá. Porque até agora, o que a imprensa, o governador, e o prefeito de São José fizeram, foi ridicularizar com a nossa cara”, desabafou.
O carioca afirma que nunca foi de partido político, nem de fazer militância, mas que dessa vez não teve como ficar sem fazer nada. “Já estava sem conseguir comer e dormir em casa. Tinha que tentar algo”, conta. Algemado há quase três dias em frente a emissora, Rios disse não conhecer ninguém específico na Globo, mas mesmo assim tem sido bem tratado pelos repórteres e pelo comércio local. “Alguns repórteres passam meio constrangidos. Acredito que seja um assunto na hora do almoço. É isso que eu quero, que a sociedade civil discuta isso”, diz. “Eu espero que os jornalistas passem por mim e pensem ‘eu estou acobertando assassinato de crianças'”, disse.
Sobre sair do local, Rios é claro. “Só pretendo sair daqui quando as pessoas começarem a perder a cabeça e tomarem atitudes. O mínimo é o Governo Federal intervir no caso”, explica.
Críticas
Em dois vídeos postados no youtube, Rios critica a imprensa. Em um deles, diz que é muito importante que os jornalistas se manifestem, “porque cada minuto de silêncio deles, é uma vítima que pode ter desaparecido. E eles sabem disso”. Em outro, critica o fato de jornalistas o questionarem se há provas de suas denúncias. “Se algum jornalista tivesse pisado em São José, não teria coragem de exigir provas”.
Portal Imprensa- Jéssica Oliveira