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Com informações de Tudo Rádio
Uma das vozes mais potentes e marcantes do rádio paulista calou-se para sempre na madrugada deste domingo. Antonio Francisco Alexandre, o Capota, locutor que marcou época como apresentador do Jornal da Manhã, nos bons tempos da Rádio Jovem Pan, foi o criador do “Repita” na hora certa da Jovem Pan e que nos últimos anos podia ser ouvido na Transcontinental FM de Mogi das Cruzes, morreu, aos 84 anos, por volta das 2h30, de complicações provocadas por um problema na próstata que atingiu os rins e o pulmão.
Segundo Antonio Alexandre Júnior, o Tombinho, que também é radialista por influência do pai, Capota teve o seu estado de saúde agravado nas últimas três semanas. Ao procurar a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), do bairro do Rodeio, ele já chegou com um dos pulmões comprometidos e seu estado de saúde agravou-se de forma tão rápida que nem houve tempo para que ele fosse conduzido para o Hospital Ipiranga, em Mogi, ou para o Hospital do Servidor, em São Paulo, destinos escolhidos pela família.
“Mesmo sendo muito bem atendido na UPA, ele faleceu nesta madrugada”, contou Alexandre Júnior.
O radialista deixa a esposa Maria e as filhas Mariane, Rosane e Cristiane, além do filho e quatro netos. Ele também era irmão do humorista Nelson Tatá Alexandre, que fez muito sucesso no “Domingão do Faustão”, na Rede Globo.
O corpo de Antonio Alexandre será velado a partir das 13 horas, no Velório Parque das Oliveiras e seu sepultamento deverá acontecer às 16h30 deste domingo, no Cemitério São Salvador, em Mogi, em horário ainda a ser divulgado pelos familiares.
Carreira
Dono de uma das vozes mais bonitas do rádio de São Paulo, Antonio Alexandre, nascido em Araçatuba, interior de São Paulo, veio com a família, ainda criança, para Mogi das Cruzes, onde iniciou uma carreira de sucesso como locutor e apresentador da antiga Rádio Marabá, que depois tornou-se Rádio Diário de Mogi, e hoje se chama Rádio da Cidade, pertencente ao grupo do empresário Paulo Abreu.
De Mogi, ele logo alçou vôo em direção às grandes emissoras da época, na Capital, e foi trabalhar na Rádio Record, de onde saiu para a Rádio Jovem Pan, onde permaneceu durante 38 anos. Nesse período tornou-se conhecido como uma das vozes-padrão do noticiário da emissora. Era um dos apresentadores do Jornal da Manhã, carro-chefe da programação da rádio, onde foi criado o bordão que sobrevive até os dias de hoje: o já tradicional “Repita!”, toda vez que um dos locutores informava a hora, durante o jornal.
Durante o tempo em que viveu em São Paulo, Antonio Alexandre também emprestou sua voz para a gravação de comerciais para grandes agências de publicidade. O mais famoso de todos, sem dúvida, lembrado até hoje por muita gente, foi o comercial das Lojas Mappin, conhecida rede varejista da Capital.
Foi na época da Jovem Pan que ele ganhou o apelido que o acompanharia para o resto da vida. Por conta da calvície acentuada, os colegas passaram a chamá-lo de Capota de Fusca, que acabou sendo abreviado para Capota.
Depois da Pan, seu destino foi a Transcontinental FM de Mogi das Cruzes, do amigo Cid Jardim, onde permaneceu até seus últimos dias. Foram 28 anos, segundo o filho Antonio Alexandre Júnior, o qual, influenciado pelo pai, também se tornou radialista e atualmente apresenta o programa “Bom Dia Trans”, na mesma Transcontinental, entre as 6 e 9 horas, todas as manhãs.Também por influência direta do codinome de seu pai, ele acabou ganhando o apelido de Tombinho.
Mesmo enfrentando a idade avançada, Capota, que passou a residir no Jardim Aracy, desde que voltou para Mogi, ainda comparecia aos estúdios da emissora, onde gravava comerciais e chamadas de programas.
Amante do rádio e já aposentado, ele sempre ouvia as emissoras atuais, enquanto gastava parte do tempo mexendo com algumas plantas que cultivava no amplo terreno de sua casa, no bairro situado aos pés da Serra do Itapeti. Passou também a cuidar de cães abandonados que encontrava nas ruas, levava para o veterinário e depois levava para o amplo terreno de sua residência.
“Ele se foi, mas deixou muita coisa, um verdadeiro legado, principalmente em termos profissionais. Por conta dele é que eu acabei no rádio”, conta Tombinho, o filho de Capota.