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Furacão em formação no hemisfério norte do planeta. Fenômeno mais comum por conta das alterações ambientais (Foto: Nasa)
A conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o meio ambiente é o mote da edição temática do Fórum Social Mundial, realizado, como sempre, na mesma semana em que líderes de algumas das maiores economias mundiais se reúnem em Davos, na Suíça, para o Fórum Econômico.
O comitê organizador do evento vê uma grande conexão entre a Rio+20, marcada para junho na capital fluminense, e o contraponto a Davos, motivo e contraponto do Fórum Social. “Enquanto não resolvermos as questões entre os países, as barreiras geopolíticas, vamos ter problemas”, diz Jaku Baszko, integrante da organização.
A conferência da ONU caminha para repetir os problemas dos eventos do gênero nos últimos anos, limitados pela dificuldade em avançar em propostas nas quais as nações mais ricas aceitem abrir mão de parte do crescimento econômico e dos lucros para correr em busca de soluções sustentáveis, um quadro agravado pela crise financeira em alguns dos principais países do planeta, que por sua vez aumenta a resistência em dividir problemas.
Os organizadores do Fórum Social Mundial acreditam que o momento não é simplesmente de uma crise econômica, mas de uma crise estrutural do capitalismo, que, em meio às mudanças climáticas e à manutenção da miséria e da desigualdade, conduz à necessidade de formular um novo modelo. Por isso, discutir a Rio+20 é discutir esta mudança de sistema. “Tanto China quanto Brasil têm potencial (energético) fantástico, mas utilizam carvão (em suas atividades industriais), que polui uma barbaridade”, exemplifica Baszko.
A volta a Porto Alegre, espécie de capital informal do Fórum, ocorre em um contexto mundial bastante diferente do que se via em 2010. A crise, econômica ou estrutural, segue presente na vida de boa parte dos cidadãos das nações mais ricas, mas a reação a ela está muito mais evidente. Em 2011 explodiram protestos em todas as partes da Europa e, nos Estados Unidos, cidadãos ocuparam Wall Street, coração simbólico do capital financeiro.
A juventude foi também às ruas do Chile cobrar um novo modelo educacional, gratuito e democrático, e ajudou nos movimentos pelo fim de governos autoritários no norte da África. “A partir de agora (o Fórum) tem de dizer a que veio”, diz o organizador do evento. “A esperança está toda depositada nessas novas gerações. Eles são o depois de amanhã.”
Além dos debates, espera-se confirmar, mais uma vez, a presença de chefes de Estado latino-americanos. A princípio, eles se reúnem na capital gaúcha nos dias 25 ou 26 de janeiro. Dilma Rousseff, o uruguaio José “Pepe” Mujica e o paraguaio Fernando Lugo são algumas das presenças esperadas.