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O brasileiro paga caro para assistir aos enlatados estrangeiros. Esta é a constatação a que se chega ao se defrontar com o estudo da Ancine (Agência Nacional do Cinema) apresentado durante a ABTA 2010. Segundo o presidente da entidade, Manoel Rangel, além de o cliente brasileiro de TV por Assinatura pagar um dos preços mais altos entre os países íbero-americanos, ele pouco conhece de sua própria cultura. No ano passado, dos 5.538 filmes de longa-metragem que foram exibidos pelos 12 canais de filmes pagos (Canal Brasil, Cinemax, 3 canais HBO, Maxprime, 5 canais Telecine e TNT), 85,4% foram títulos estrangeiros. Rangel observou que a participação de 14,6% da produção nacional só se confirma se for levada em conta a programação o Canal Brasil, que, por força da Lei do Cabo, é obrigado a transmitir produção nacional. Sem esse canal, o conteúdo nacional na TV paga brasileira é praticamente inexistente: só foram exibidos 64 títulos nacionais, ou 1,4%¨do total de filmes exibidos no ano passado pelas operadoras de TV paga.
No segmento de minisséries e seriados, a mesma situação se repete: dos 11 canais de TV paga monitorados pela Ancine foram exibidas 2,754 mil horas de minissérios e seriados e apenas 34,5 horas (duas minisséries) eram brasileiras. “As minisséries e seriados estrangeiros ocuparam 98,8% das horas de exibição”, afirmou. Para Rangel, esses números respaldam a necessidade do estabelecimento de cotas ao conteúdo nacional nas operadoras de TV pagas brasileiras. “Embora alguns setores não concordem com as cotas, 90% dos agentes econômicos já pactuaram a necessidade de aprovação do PL 116, projeto que tem o grande mérito de ser uma iniciativa do Congresso Nacional”, enfatizou ele.
Para Rangel, a reação dos produtores estrangeiros e da Sky contra as cotas estabelecidas no projeto não deverá impedir a sua aprovação. Ele discorda da afirmação desses players, de que nos mercados estrangeiros, as cotas à produção audiovisual foram estabelecidas na TV aberta e não na TV fechada. Ele assinalou que, na TV aberta brasileira, a situação é menos desigual. Conforme a Ancine, em 2009, os canais de TV abertos exibiram 1,809 mil filmes de longa-metragem, dos quais 11,4% foram brasileiros e 78% norte-americanos. Entre as minisséries e séries, foram exibidos 4,708 mil horas, das quais 71,7% norte-americanas e 16,5% brasileiras.