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No dia 29 de novembro do ano passado a coluna Notícias da TV, do UOL, informou que a Record pode demitir cerca de 800 funcionários ainda neste mês. O corte representaria, segundo informações da coluna assinada aproximadamente 20% dos 4.300 empregados da emissora em São Paulo e no RecNov, a central de estúdios localizada no Rio de Janeiro. Diretores de programas como o Hoje em Dia e o Programa da Tarde já teriam sido notificados informalmente dos cortes e repassado a informação a suas equipes, relatou à época o jornalista Daniel Castro – que também relatou ter obtido de executivos da emissora a confirmação de que vai haveria planos para uma “redução de 20% nos investimentos” em 2015.
Procurada pela FITERT, a assessoria de comunicação da TV Record disse que a informação seria checada, mas que normalmente o grupo não comenta esse tipo de notícia. Até o fechamento da matéria a Record não se pronunciou sobre o assunto.
O Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro já está verificando que ações diretas e judiciais serão tomadas, e planeja realizar manifestação e panfletagens na porta da RecNov contra as ameaças de demissões e as terceirizações, que vêm sendo implementadas de forma massiva desde 2013.
O Sindicato dos Radialistas de São Paulo protocolou no final do ano passado junto ao Ministério Público do Trabalho denúncia contra as terceirizações na Rede Record. A emissora mantém há quase um ano o setor de externa terceirizado. O Sindicato também pautou na ocasião a questão das demissões na emissora. O MPT acatou a denúncia recentemente e está investigando o caso. O Sindicato também vem organizando desde o ano passado panfletagens na porta da emissora, falando sobre as demissões e terceirizações na empresa.
Em 2013, o Grupo Record também realizou demissões em massa enquanto comemorava lucros recordes, conforme denunciado pela FITERT. Em agosto do ano passado o sindicato fluminense obteve na justiça uma sentença obrigando a administração do RecNov a cumprir a convenção coletiva de trabalho e afixar com sete dias de antecedência as escalas de trabalho, incluindo compensações e folgas. A medida visa acabar com a prática de convocação dos trabalhadores a qualquer tempo para desempenho de funções fora do horário estabelecido em contrato.
No final de 2014, o Grupo voltou a comemorar, em entrevista ao “Propmark” (veículo especializado no mercado de comunicação), a manutenção do segundo lugar nacional em audiência e faturamento. Segundo Walter Zagari, vice-presidente comercial da Rede, afirmou àquele noticioso a emissora fechará o ano com um crescimento significativo, o que não corrobora com qualquer tentativa de alegar alguma crise.
Para a diretoria da FITERT é lamentável o que vem acontecendo nas emissoras de rádio e televisão no país, pois é um setor que cresce com a crise, mas joga para os trabalhadores a conta, seja com as demissões ou com a substitução por mão de obra terceirizada sem direitos trabalhistas. “Não podemos esquecer que a desoneração da folha de pagamento concedida no ano passado às emissoras não gerou nenhum emprego para o desenvolvimento social do país. Está na hora do Congresso Nacional e do governo, que são responsáveis pela concessão do benefício aos empresários, tomarem uma postura séria e coerente contra os desmandos dos donas das emissoras”, ressalta o coordenador da FITERT, José Antônio Jesus da Silva.
Zé Antônio completa destacando que “estaremos juntos com os sindicatos de radialistas de todo o país na defesa do emprego dos trabalhadores da TV Record, e nos colocaremos contra qualquer demissão. Chega de exploração, chega de acúmulo de funções e dupla jornada, que tendem a ser pioradas se houver essas demissões – o que vai gerar ainda mais exploração dos trabalhadores. Vamos exigir respeito e o cumprimento da lei que regulamenta o exercício profissional da categoria”.