Compartilhe
Por Vivian Fernandes
Se os reajustes dos planos de saúde continuarem aumentando mais que a inflação, em 30 anos os valores chegarão a comprometer 70% do salário do trabalhador. Esse é o resultado de uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que sentencia que os planos de saúde se tornarão “impagáveis”. Atualmente, os gastos com a saúde privada ficam na média de 7% da renda.
A relação entre o reajuste dos planos de saúde e a inflação (medida pelo IPCA) acumulada entre 2002 e 2012 apresentou diferença de mais de 38%, o que indica uma tendência de continuar aumentando. A simulação se refere aos planos individuais e familiares, que são 20% dos 48 milhões de consumidores de planos e seguros de saúde no país, cerca de 25% da população.
Mais da metade, 56%, dos gastos com saúde no Brasil ocorrem no setor privado. A Organização Mundial da Saúde indica que em 2000 o Estado brasileiro destinava 4,1% do orçamento para o setor. Dez anos depois, a taxa subiu para 5,9%. Porém, a média mundial é de 14,3%.
Para o professor de Economia da Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP, Áquilas Nogueira Mendes, em entrevista à Radioagência NP neste ano, a ausência de investimento público no setor pressupõe que os gastos privados vêm aumentando, o que gera consequências à população.
“O problema é que no nosso país nós temos 190 milhões de brasileiros, dos quais praticamente 150 milhões não têm plano privado de saúde. Então, a importância do gasto público é fundamental, o SUS. E mesmo aqueles 40 milhões que têm plano privado utilizam o SUS, porque o plano privado na hora da alta complexidade o plano não cobre, porque ele diz ser muito caro.”
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, com acesso gratuito e universal a toda a população.
Mais sobre o assunto
Modelo da saúde em xeque: lotação e demora
Brasileiros gastam mais de R$ 150 com saúde todos os meses
“O orçamento da saúde está sendo engolido pela política econômica do governo federal”