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Frente à terceira militarização, desde o golpe de Estado que depôs o então presidente Manuel Zelaya em 2009, na região do Baixo Aguán, norte de Honduras, organizações camponesas, negras, indígenas e populares realizaram o Encontro contra a Militarização, Ocupação e Repressão em Honduras, entre 30 de setembro e 2 de outubro, na cidade de Tocoa, departamento de Colón.
A região do Aguán (Colón) é dominada pelo plantio da palma africana (o dendê), em grandes monocultivos concentrados nas mãos de poucos empresários, sendo o principal deles Miguel Facussé, a quem chamam de “palmeiro da morte”. São justamente seguranças privados, a serviço de Facussé, os acusados pelos movimentos camponeses de assassinarem 40 trabalhadores rurais organizados nessa região, em menos de dois anos.
Durante esses dois anos, há sistemáticos conflitos entre os camponeses, que querem recuperar terras que antes eram destinadas à reforma agrária, e os empresários latifundiários. Diante do verdadeiro campo de batalha que se desenvolveu na região, o governo anunciou, em agosto, a operação Xatruch II, que enviou um efetivo de 600 militares e policiais para o local. Desde o início da militarização, três dirigentes campesinos morreram, entre eles o presidente do Movimento Autêntico Campesino do Aguán (Marca). Outros dois efetivos militares já haviam sido enviados há região entre 2009 e 2010.
“Aqui se praticam violações que só aconteciam na década de 80, como torturas, sequestros e desaparições forçadas”, relata Wilfredo Paz, coordenador do departamento de Colón pela Frente Nacional de resistência Popular (FNRP), referindo-se à implantação da chamada Doutrina de Segurança Nacional no país, que tinha o apoio dos Estados Unidos, durante os anos de 1980. “Este encontro tem o objetivo de chamar a atenção do mundo sobre o Valle de Aguán, para que não haja mais mortos”, conclui.
Uma das definições do Encontro foi a realização de um acampamento permanente de direitos humanos na região. A ideia é de que haja a presença constante de observadores internacionais, com o objetivo de inibir as ações dos militares e pistoleiros.
Durante o encontro, dois assassinatos
O Encontro contra a Militarização começou com a notícia do atentado contra o presidente da cooperativa Prieta e membro da Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP) de Tocoa, Germán Castro. Durante o ataque morreu sua esposa, a camponesa Enelda Fiallos. Castro está gravemente ferido e se encontra hospitalizado.
No último dia do Encontro, mais um campesino foi assassinado na região. Carlos Humberto Rosa Martínez foi morto na manhã do dia 2 de outubro. O jovem de 24 anos era membro da cooperativa Lempira afiliada ao Movimento Unificado Campesino do Aguán (Muca). Seus familiares acusam pelo assassinato um homem que trabalhava para Miguel Facussé. Segundo eles, Carlos Marínez já havia recebido ameaças de morte.