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30 anos dos massacres em Sabra e Chatila.
Neste mês de setembro, completam-se três décadas do assassinato de cerca de 3 mil palestinos que viviam nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, na parte oeste de Beirute, no Líbano. Para lembrar a data e apontar o papel da solidariedade internacional para pôr fim à mais longa ocupação da era contemporânea, a Frente em Defesa do Povo Palestino realiza em São Paulo uma série de iniciativas. No dia 17, promove a partir das 17h um ato público na esquina da Av. Paulista com a Rua Augusta, em frente ao Banco Safra. No dia 18, um debate na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) e no dia 25, na USP (Universidade de São Paulo).
Atualmente, há no Líbano, segundo dados da UNRWA (Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados Palestinos), 12 campos oficiais, que abrigam 53% dos 455 mil desses cidadãos registrados nesse órgão. Um deles é Shatila, estabelecido em 1949, que conta com 8.500 moradores. Em todos esses locais, os palestinos enfrentam a pobreza, condições precárias de moradia, falta de infraestrutura e desemprego, sem contar a discriminação cotidiana.
A situação se repete nos demais campos espalhados por países árabes vizinhos, a um raio de 150km dos territórios palestinos ocupados por Israel, cuja população total supera os 5 milhões (incluindo os que vivem no Líbano). Já Sabra não consta mais na relação de campos administrados pela UNRWA, tendo se tornado um imenso bairro periférico, em que vivem hoje mais de 12 mil pessoas. Naquele país árabe, os palestinos não têm os mesmos direitos que o restante da população, inclusive sendo proibidos de atuar em mais de 20 profissões.
O genocídio
Em 1982, o Líbano enfrentava uma guerra civil, com uma onda de insatisfação popular contra a elite dominante. Um de seus integrantes era Bashir Geymael, líder de um partido de extrema direita intitulado “Falange”. Ele tinha a intenção de expulsar os palestinos daquele território, pois os considerava “população excedente”. Assumiria a presidência do país, mas foi assassinado em 14 de setembro em decorrência da guerra, antes de concluir seu intento. Mas sua “solução radical” foi colocada em prática por seus seguidores nos três dias seguintes à sua morte, nos campos de Sabra e Shatila, em parceria e com a colaboração estreita de Israel, cujo ministro da Defesa à época era Ariel Sharon. A OLP (Organização para a Libertação da Palestina) já havia sido expulsa, o que fragmentou e enfraqueceu o movimento.
No banho de sangue, foram mortas a tiros ou facadas, com requintes de crueldade, principalmente mulheres, crianças e idosos. O genocídio foi marcado ainda por outros atos de selvageria, como estupros. A população não teve como escapar, já que Israel não apenas facilitou a entrada das tropas libanesas e as treinou, como cercou os campos, impedindo sua evacuação.
Os assassinatos em Sabra e Chatila integram a trágica lista de massacres cometidos contra palestinos por Israel desde 1948, como parte de uma “limpeza étnica” deliberada, que perdura até os dias atuais. O mais conhecido deles aconteceu em 9 de abril daquele ano, em uma aldeia palestina chamada Deir Yassin, em que viviam cerca de 750 pessoas. Duzentas e cinquenta e quatro delas foram assassinadas naquele dia, também incluindo mulheres, crianças e idosos.
O mundo se levanta
Os massacres provocaram pelo mundo uma onda de indignação até então sem precedentes na história da Palestina. Uma passeata organizada pelo movimento “Paz Agora” em Israel levou às suas ruas cerca de 400 mil manifestantes. Protestos espalharam-se por todo o globo, incluindo o Brasil, em que marchas com milhares de pessoas foram feitas para exigir justiça. Como consequência, Ariel Sharon, o grande arquiteto do genocídio em Sabra e Chatila, foi responsabilizado indiretamente pelos massacres e afastado do cargo de ministro da Defesa. Ele continuaria ainda por muito tempo a cometer atrocidades como essas, o que lhe valeria o apelido de “açougueiro”, até ficar em estado permanente de coma no começo de 2006.
Diante do regime de apartheid enfrentado pelos palestinos ainda hoje, a sociedade palestina chama a população brasileira a que promova boicotes a Israel, aos moldes do que pôs fim à segregação de negros na África do Sul durante os anos 90. O governo brasileiro tem acordos militares com a potência ocupante e é o momento de cobrar que rompa esses e outros contratos. Como consumidores, os brasileiros e brasileiras também podem fazer sua parte, não comprando por exemplo produtos da marca Café Três Corações, que tem como acionista majoritária uma empresa israelense que colabora com a opressão aos palestinos. Essas ações são fundamentais para que nunca mais se repitam massacres como os que ocorreram em Sabra e Chatila.
Serviço:
Ato público
17 de setembro, 17h, Avenida Paulista, 2.100 esq. com Augusta (em frente ao Banco Safra)
Debates
18 de setembro, 19h, Auditório 239 do Prédio Novo da PUC-SP, campus Perdizes
Copromoção: Apropuc-SP (Associação dos Professores da PUC-SP)
25 de setembro, 17h30, Sala das Ciências Sociais da USP, Cidade Universitária
Copromoção: Frente Palestina da USP
Mais informações e solicitação de entrevistas:
frentepalestina@yahoo.com.br
Enviado por Soraya Misleh.