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Manifestação em frente à prefeitura de SP, em 2006 (Foto: Gerardo Lazzari)
São Paulo – A mídia entrou na pauta das eleições. Por todos os lados. Começou quando o Jornal Nacional tratou, vamos dizer assim, com “deselegância” a candidata Dilma Rousseff (PT) na série de entrevistas com os presidenciáveis. Um dia depois, Lula, em comício, protestou ao entregar uma rosa à petista. Ainda em agosto, José Serra (PSDB) acusou a existência de “blogs sujos”, financiados pelo PT e pela TV Brasil de divulgar notícias falsas sobre ele.
Agora, depois de ver o debate de propostas deixado de lado para disparar uma metralhadora de denuncismo com o objetivo de alvejar a candidatura Dilma, a imprensa deixou de ser meio para se tornar o fim, a pauta. Nesta segunda (20), a reação foi rápida. Após uma reportagem da Folha de S.Paulo, a candidata classificou a matéria como “má-fé” e acusou o jornal de ser parcial.
O próprio Lula, dois dias antes em um comício em Campinas-SP, disse que há publicações agindo como partidos políticos.
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Ofendida, a velha mídia partiu para o ataque. O candidato José Serra (PSDB) também. Nesta terça-feira (21), disse que “isso é uma coisa fascista. Eles querem a liberdade para a turma deles. Para ter liberdade tem de ser cupincha”. Serra se refere ao protesto programado para esta quinta-feira (23), organizado por blogueiros de esquerda indignados com a conduta da mídia.
O ato reunirá centrais sindicais, movimentos populares, blogueiros e membros de partidos políticos “em defesa da democracia e contra o golpista midiático”. O evento ocorre em São Paulo, no Sindicato dos Jornalistas.
No mesmo dia 23, no Clube Militar do Rio de Janeiro, os jornalistas Merval Pereira (O Globo), Reinaldo Azevedo (Veja) e Rodolfo Moura (Abert), será as estrelas de um painel entitulado “A Democracia Ameaçada: Restrições à Liberdade de Expressão”.
PSDB/PFL tentaram calar Revista do Brasil
O presidente da CUT, Artur Henrique, em seu blog, fala sobre o apoio ao ato no Sindicato dos Jornalistas, organizado pelo Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé. Mas também lembra o lançamento da Revista do Brasil, em 2006. À época, PSDB e DEM (então chamado de PFL) foram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo o recolhimento de todos os exemplares. Abaixo, o registro de uma manifestação contra essa tentativa de cerceamento da liberdade de expressão, publicado na edição número 2 da Revista:
“Eles podem tudo. Mas querem calar os trabalhadores.”
Empunhando cartazes com esses dizeres ironizando o pode-tudo da “grande imprensa”, centenas de manifestantes protestaram no dia 9 de agosto contra o veto à edição nº 1 da Revista do Brasil, imposto pelo TSE a pedido da coligação PSDB-PFL. O ato foi realizado em frente à prefeitura paulistana por representantes de sindicatos e movimentos sociais.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Audálio Dantas, disse que toda censura é condenável: “As publicações da grande mídia não sofrem censura porque a Constituição garante que não haja essa prática. Então por que uma revista como esta, justamente um veículo dos trabalhadores, é censurada?”
Salvo honrosas exceções – como a revista CartaCapital, em sua edição de 23 de agosto (2006), o Coletivo Brasil de Comunicação Social (Intervozes), a Carta Maior, que destacaram a crítica à censura –, a mídia, no geral, silenciou.”