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Uma “cama de gato”, é o que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), armou para o governo federal ao anunciar a pretensão de “reestatizar” a Companhia Energética de São Paulo (Cesp), terceira maior geradora de eletricidade do país, para a Furnas, pertencente ao grupo Eletrobras. A opinião é do deputado estadual Adriano Diogo (PT): “Essa é uma tentativa dos tucanos de escamotear a privatização da Cesp. Caso o governo federal não aceite a proposta, ficará mal-visto. Isso não é uma ‘reestatização’, um nome bonito que inventaram, é uma venda mesmo.”
O governador idealiza repetir a fórmula do seu antecessor José Serra, que em 2008 vendeu a Nossa Caixa para o Banco do Brasil por 5,4 bilhões de reais. A expectativa é obter 6 bilhões de reais com a privatização da Cesp e assim expandir o orçamento. “O governador e o José Anibal [secretário de Energia] faltam com a verdade. Eles tem um orçamento fabuloso que ainda está para ser aprovado na Assembléia. É apenas a velha fórmula tucana de privatizar tudo”, rechaça Diogo. O deputado recorda a pressão feita pela bancada petista quando foi aprovada a venda da Nossa Caixa. “Nós ficamos muito descontentes com a direção do Banco do Brasil quando eles aprovaram a compra da Nossa Caixa. Faremos de tudo na Assembléia para evitar que a Cesp seja vendida.”
Atualmente, a estatal paulista possui uma dívida de 4,72 bilhões de reais e um lucro de 162,4 milhões. O seu total de capacidade energética instalada é de 7,456 megawatts. Entre as suas usinas está Ilha Solteira, a terceira maior do país, cuja concessão termina em 2015. “A Cesp é uma empresa abandonada pelo poder público. Está defasada e saturada. Os tucanos estão loucos para se livrarem dela.” Esta será a quarta tentativa de privatização da empresa. A primeira aconteceu no governo Mario Covas em 2000, a segunda com o próprio Alckmin em 2001 e a terceira na gestão Serra, em 2008. Caso seja concretizada a venda para a Furnas, esta se tornará a administradora do segunda maior parque hidrelétrico do país, atrás somente de Itaipu.
A frente das negociações está Mauro Arce, presidente da Cesp, que já havia exercido a mesma função durante o governo Covas. “É uma vergonha colocar o Arce nesta posição. Ele era o secretário de Transportes quando Paulo Preto era diretor da Dersa. O Paulo Preto se reportava diretamente a ele.” Para quem não lembra, Preto foi apontado como o “homem-bomba tucano” durante as eleições presidenciais de 2010 ao ser acusado de sumir com 4 milhões de reais da campanha serrista. Na época, o candidato tucano à presidência alegou não conhecer o engenheiro, contudo voltou atrás na sua afirmação após entrevista de Preto ao jornal Folha de S. Paulo.
Está programada para este mês uma reunião entre os representantes do governo paulista e a equipe da presidenta Dilma Rousseff para discutir o processo de federalização da Cesp.