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Após cinco dias de negociações na COP 16 – conferência da ONU sobre mudanças climáticas em Cancún, México – o embaixador da Bolívia nas Nações Unidas, Pablo Solón, classificou como lamentável os avanços obtidos até o momento. Em coletiva de imprensa realizada na sexta-feira (3) Solón informou que os avanços não dizem respeito ao aspecto central da conferência, sobre o qual há uma “total incerteza”.
“Isso é inadmissível, viemos aqui para discutir qual seria a taxa de redução das emissões [de poluentes] para este segundo período de compromissos do Protocolo de Kioto e não simplesmente discutir temas colaterais”.
A representante da Venezuela na COP 16, Claudia Salerno, afirmou que há um claro descompromisso por parte de alguns países, mas sem citar.nomes.
“Há países que, de maneira sincera, nos disseram: não vai haver segundo período de compromisso de Kioto. Tentamos nos aproximar, mas encontramos o representante de um país que nos disse que quer ir à praia porque aqui não há nada a se fazer esta semana, o que nos leva a pensar que estar aqui, politicamente, seria uma perda de tempo.”
Por outro lado, Salerno afirmou que os países da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América), junto dos países membros do G77 e da China, ratificaram a vontade de permanecer unidos para alcançar a segunda fase de compromissos do Protocolo de Kioto, fixando uma nova meta global para a redução das emissões de poluentes, mas com responsabilidades diferenciadas para cada nação.
De acordo com a representante venezuelana, há um bloco de países que estão abertos a uma segunda etapa de Kioto, desde que se abram as portas para outro protocolo. O embaixador boliviano na ONU, porém, ironizou a proposta. “Isto é como dizer a uma pessoa que, para seguir casada contigo, primeiro há que deixar as portas abertas para ter uma segunda esposa”.
Morales convoca os movimentos sociais
De La Paz, o presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou também na sexta-feira uma mobilização mundial em defesa da “Mãe Terra”, caso Cancun repita o fracasso da conferência anterior, em Copenhague, na Dinamarca.
“Se os governos e organismos internacionais não levam em consideração e não respeitam o Protocolo de Kioto e nem aproveitam o documento de Cochabamba, veremos a forma como nos organizarmos em nível mundial para mudar o modelo vigente.”
Uma das propostas que deve ser apresentada oficialmente pela Bolívia à ONU é a realização de um referendo mundial sobre a mudança climática. Esta é uma das propostas estabelecidas pela Conferência Mundial dos Povos sobre Mudanças Climáticas, realizada em abril deste ano, em Cochabamba, na Bolívia.