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Mais de duas mil pessoas já morreram no Haiti e cerca de 90 mil estão contagiadas pela epidemia de cólera que assola a nação desde o mês de outubro. Os números foram divulgados nesta segunda-feira (06) pelo Ministério da Saúde.
De acordo com as cifras oficiais reveladas, um total de 2 mil e 13 pessoas morreram pela doença.
O Ministério da Saúde indicou que o número de vítimas continua subindo “constantemente” e “não há uma aparente diminuição no número de infecções”.
O maior número de mortes foi registrado em Porto Príncipe, capital haitiana, e seus arredores, onde 157 pessoas morreram por causa da epidema, segundo o informe do Ministério da Saúde.
O governo caribenho atribuiu 2,3% da taxa de mortalidade à enfermidade, cuja origem ainda está sendo investigada.
O Haiti enfrenta a epidemia de cólera antes de ter se recuperado do terremoto de magnitude 7,3, registrado em janeiro deste ano, que provocou a morte de 250 mil pessoas.
Nos últimos dias, ao menos 12 pessoas, acusadas de terem levado a epidemia de cólera ao país, foram linchadas no sudoeste do Haiti por grupos de cidadãos revoltados. Eram soldados nepaleses, que vinham sendo acusados pelos haitianos de propagarem a epidemia. Vários protestos foram realizados durante o final do mês de novembro contra a presença dos soldados, chamados capacetes azuis. No entanto, exames realizados no contingente nepalês da missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) apresentaram resultado negativo.
Ajuda Internacional
Especialistas da ONU advertem que o verdadeiro balanço de mortes causadas pela epidemia de cólera pode ser muito mais alto.
Na sexta-feira (03), em um debate da Assembleia Geral da ONU, o secretário-geral, Ban Ki-moon, fez um apelo para que sejam reunidos fundos suficientes para combater a epidemia de cólera no Haiti.
Segundo ele, sem ajuda internacional para reconstruir o país devastado pelo terremoto e sem água potável para combater a epidemia de cólera, “o Haiti não tem um futuro sustentável, não tem esperança de um futuro melhor”.
Vários países, entre eles Cuba, fizeram um chamado de urgência à comunidade internacional para enfrentar a epidemia de cólera. Desde que ocorreu o surto, ao menos 300 médicos e enfermeiras de Cuba uniram-se a um grupo de cubanos, que estão no Haiti há 12 anos, para prestar seus serviços e, assim, atender a quase 40% dos afetados pela enfermidade.
Organizações regionais, como a União de Nações Sulamericanas (Unasul) e a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba), também estão atuando na nação caribenha.
Eleições
Os haitianos ainda aguardam o resultado das conturbadas eleições presidenciais e legislativas do último dia 28 de novembro. Vários observadores internacionais sinalizaram que as eleições foram fraudadas, no entanto, o processo foi validade pelo Conselho Eleitoral do Haiti, pela missão conjunta da Organização dos Estados Americanos (OEA) e pelo grupo regional do Caribe, Caricom.
Neste domingo (05), milhares de haitianos saíram às ruas para pedir a anulação das eleições. Esta foi a segunda manifestação em menos de três dias e foi encabeçada por líderes da oposição.
“O objetivo desta manifestação é pedir a anulação das eleições do dia 28 de novembro. Queremos que a Comissão Eleitoral Provisória seja renovada, já que com ela não vamos a lugar nenhum” afirmou Fleurissaint Junior Raymond, candidato a uma vaga legislativa.
Os manifestantes tentaram aproximar-se do Palácio Presidencial, mas foram impedidos pela polícia antimotim. Eles pediam a anulação do pleito e a saída do presidente René Preval, assim como das forças de paz das Nações Unidas (Minustah).
Os resultados das eleições deverão ser conhecidos até esta terça-feira (07), conforme indicou o diretor-geral do Conselho Eleitoral, Pierre Louis Opont.