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Já faz anos que os sindicatos dos Radialistas de São Paulo e dos Jornalistas de São Paulo vêm denunciando a política de sucateamento da Rádio e TV Cultura promovida pelo governo do Estado. A Cultura, que ocupa um lugar importante na história da rádio e da televisão no Brasil, vem sendo desidratada a cada ano que passa. Seu número de funcionários caiu para menos da metade do que havia há 10 anos. Suas produções próprias, que marcaram época, quase já não existem. Sua programação, orientada por critérios de interesse público e de promoção da educação, da cultura e da boa informação jornalística – em contraposição à lógica comercial das demais emissoras –, vem se empobrecendo. É o esvaziamento da comunicação pública no Estado, ao qual nos opomos!
A defesa da Rádio e TV Cultura é do interesse de todo o povo paulista. Nossas entidades integram, por isso, o movimento Salve a Rádio e a TV Cultura!, que defende o fortalecimento da Fundação Padre Anchieta, a garantia de dotação de verbas e a ampliação do investimento, a valorização das produções próprias e da programação de qualidade.
Numa emissora de rádio e televisão, o principal patrimônio é humano: sua riqueza são seus trabalhadores, com sua bagagem de conhecimentos, sua formação na área, sua experiência profissional e sua criatividade. O congelamento de salários, num ambiente de inflação no patamar de 10% ao ano, dilapida o poder aquisitivo dos funcionários da fundação, corrói seus orçamentos familiares e afunda suas condições de vida. As consequências são trágicas para as condições de trabalho, com a perda de bons profissionais e a falta de estímulo para os demais.
Nos últimos anos, a Fundação Padre Anchieta, sob as diretrizes do governador Geraldo Alckmin (PSDB), deixou de repassar aos funcionários as correções previstas nas convenções coletivas firmadas entre os sindicatos de radialistas e jornalistas e as empresas de rádio e televisão do setor privado. Em vão, tentamos negociar. Tampouco conseguimos estender os reajustes por via judicial.
Não podemos aceitar que os trabalhadores da RTV Cultura não tenham sequer o direito a uma negociação salarial, como qualquer brasileiro. Os dois sindicatos, em conjunto, por decisão de assembleias dos funcionários, dirigiram-se então à Fundação Padre Anchieta propondo a celebração de um Acordo Coletivo entre as partes – no molde do que ocorre com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) –, cuja base são os direitos já praticados, e com os reajustes que permitam preservar e valorizar os salários. Novamente, nos deparamos com o muro da intransigência. A Fundação não aceita negociar um acordo formal, mas apenas conceder pequenas correções em benefícios. Não nos restou outro caminho a não ser o da greve, para que a Justiça se pronuncie a respeito de nossas legítimas demandas.
Na aparência, temos uma greve – com adesão em massa dos trabalhadores – por um Acordo Coletivo, por um reajuste salarial que preserve nosso poder aquisitivo, ou seja, um conflito trabalhista. No fundo, porém, é bem mais do isso: o que está em jogo é a própria existência de uma emissora pública que é o orgulho do povo paulista, e que não pode perecer por um lento e cruel estrangulamento financeiro. Com nossa luta, queremos reverter este atual cenário. Agradecemos aqui o apoio dos funcionários da Empresa Brasil de Comunicação – EBC, decidido em assembleia na última semana. E contamos com o amplo apoio de toda a sociedade.
Viva a Rádio e TV Cultura! Reajuste de salários já!
Assembleia dos radialistas e jornalistas da Rádio e TV Cultura
São Paulo, 12 de setembro de 2016
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