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Por David Brooks – La Jornada
O movimento Ocupa Wall Street continua atraindo elogios como representante de um novo despertar para resgatar o país, assim como repressões de autoridades em vários pontos do território – o mais recente, em Oakland, na madrugada de segunda-feira [e também em Nova York], além de romances.
Ocupa Wall Street e seus movimentos aliados no país são mais que uma caminhada pelo parque. São muito provavelmente o começo de uma nova era nos Estados Unidos, afirma Jeffrey Sachs, mundialmente famoso e controvertido economista, assessor de vários governos e nomeado em duas ocasiões uma das 100 figuras mais influentes do mundo pela revista Time. Com esta avaliação, ele se soma a uma crescente lista de políticos, intelectuais, estrategistas e figuras de destaque mundial a proclamar que este movimento está transformando os EUA.
Estamos no final da era Reagan de 30 anos, um período que culminou em um crescimento desmedido de renda para um por cento da população e em desemprego ou estagnação de renda para a maioria dos demais. O desafio mais amplo para os próximos anos é restaurar a prosperidade e o poder para os 99% da população, escreveu em um artigo publicado no New York Times, o agora diretor do Earth Institute da Universidade de Columbia, e também assessor especial do secretário geral da ONU, Ban Ki-moon.
Sachs, depois de diagnosticar o panorama da crise atual e suas raízes nas políticas neoliberais implementadas desde a presidência de Ronald Reagan, lembra que em duas épocas da história estadunidense os poderosos interesses empresariais dominaram Washington e levaram os EUA a um estado inaceitável de desigualdade, instabilidade e corrupção. Em ambas as ocasiões, um movimento social e político surgiu para restaurar a democracia e a prosperidade compartilhada: no final do século XIX e, depois, nos anos 20, justamente um pouco antes da grande depressão.
Na atual conjuntura é muito provável que esteja sendo criada uma terceira era progressista, diz Sachs, que deveria ter três metas: ressuscitar serviços públicos cruciais (educação em particular), terminar com as condições de impunidade que permitem as fraudes financeiras dos bancos, e reestabelecer a supremacia dos votos do povo sobre os dólares em Washington.
Ele conclui que os jovens no Parque Zuccotti (Praça Liberdade) e em mais de mil cidades começaram a levar os Estados Unidos para o caminho da renovação e dá algumas recomendações sobre como terão que formular propostas e participar da arena eleitoral e política do país. Adverte que aqueles que acreditam que o inverno colocará um fim aos protestos deverão reavaliar suas previsões. Uma nova geração de líderes apenas está começando. A nova idade progressista já começou.
Mas o nascimento desta nova era continua enfrentando a repressão. Na madrugada de terça-feira, em Oakland, centenas de polícias com equipamento anti-motim cercaram e expulsaram os manifestantes que ocupavam uma praça central há mais de um mês. Foi a segunda vez que se tentou desalojar o acampamento que, em seu melhor momento, contava com mais de 200 tendas de campanha. Em contraste com a primeira tentativa, no dia 25 de outubro, onde o uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha deixou vários feridos, em particular um marine veterano do Iraque que apenas na semana passada saiu do hospital ainda com problemas devido a um traumatismo craniano, nesta ocasião não se relatou violência.
Em resposta à essa primeira tentativa, foram realizados atos de protesto em todo o país, realizou-se uma greve de 24 horas que conseguiu fechar o quinto porto mais importante dos Estados Unidos, e a prefeita Jean Quan foi obrigada a pedir desculpas em público pela ação da polícia.
O pretexto oficial era que se devia garantir a segurança depois que um homem foi baleado e morreu perto do acampamento, em uma disputa que os manifestantes garantem não ter nada a ver com seu movimento. Quando finalmente a polícia chegou às 4 horas da manhã (hora local), havia muito menos ativistas que o esperado, já que alguns decidiram fazer um recuo tático. A operação policial acabou com a prisão de cerca de 32 manifestantes.
A prefeita Quan informou que a praça ficará disponível para os manifestantes durante o dia, garantindo seu direito à liberdade de expressão, mas não poderão pernoitar nela. Os detidos e outros manifestantes gritaram: “vergonha”, “vergonha” e “voltaremos”. Na terça, durante o dia, já havia reuniões entre os manifestantes para planejar seus próximos passos.
Amor e casamento na praça
No último domingo, Ocupa Wall Street em Nova York foi a cena de um casamento entre duas pessoas que se apaixonaram no acampamento depois de se conhecerem há menos de seis semanas. Emery Abdel-Latif, de 24 anos, e Micha Balon, de 19, se encontraram quando buscavam um lugar para orar na Praça Liberdade. O casal muçulmano se casou em uma cerimônia tradicional de seu credo diante um público de manifestantes e garantiu que pretende permanecer no local ao longo do inverno.
Em outubro, também no ocupa Wall Street, em Nova York, um homem se ajoelhou e, utilizando o sistema de microfone humano, pediu sua noiva em casamento, a quem pediu que ocupasse sua vida. Quando ela respondeu sim, repetido através do coro de manifestantes, estourou uma ovação.
Ação policial em Nova York
A polícia desalojou os manifestantes do Ocupa Wall Street Nova York, na madrugada desta terça-feira, retirando-os da praça onde estavam acampados desde que iniciou o movimento de protesto, em uma operação surpresa. A maior parte dos manifestantes que estavam reunidos no parque Zuccotti desde o dia 17 de setembro foram desalojados a força em menos de uma hora pela operação que começou por volta da uma hora da madrugada (hora local). Durante a operação, alguns policiais conduziram grupos de manifestantes para furgões, enquanto outros derrubavam barracas e retiravam cartazes. A polícia se negou a precisar quantas pessoas foram detidas.
Horas após serem expulsos pela polícia de Nova York da praça onde estavam acampados há dois meses, manifestantes do movimento Ocupa Wall Street convocaram novos protestos e uma assembleia geral a ser realizada em outra parte de Manhattan. Eles garantem que a repressão policial não intimidará o movimento.
Ocupa Wall Street e seus movimentos aliados no país são mais que uma caminhada pelo parque. São muito provavelmente o começo de uma nova era nos Estados Unidos, afirma Jeffrey Sachs, mundialmente famoso e controvertido economista, assessor de vários governos e nomeado em duas ocasiões uma das 100 figuras mais influentes do mundo pela revista Time. Com esta avaliação, ele se soma a uma crescente lista de políticos, intelectuais, estrategistas e figuras de destaque mundial a proclamar que este movimento está transformando os EUA.
Estamos no final da era Reagan de 30 anos, um período que culminou em um crescimento desmedido de renda para um por cento da população e em desemprego ou estagnação de renda para a maioria dos demais. O desafio mais amplo para os próximos anos é restaurar a prosperidade e o poder para os 99% da população, escreveu em um artigo publicado no New York Times, o agora diretor do Earth Institute da Universidade de Columbia, e também assessor especial do secretário geral da ONU, Ban Ki-moon.
Sachs, depois de diagnosticar o panorama da crise atual e suas raízes nas políticas neoliberais implementadas desde a presidência de Ronald Reagan, lembra que em duas épocas da história estadunidense os poderosos interesses empresariais dominaram Washington e levaram os EUA a um estado inaceitável de desigualdade, instabilidade e corrupção. Em ambas as ocasiões, um movimento social e político surgiu para restaurar a democracia e a prosperidade compartilhada: no final do século XIX e, depois, nos anos 20, justamente um pouco antes da grande depressão.
Na atual conjuntura é muito provável que esteja sendo criada uma terceira era progressista, diz Sachs, que deveria ter três metas: ressuscitar serviços públicos cruciais (educação em particular), terminar com as condições de impunidade que permitem as fraudes financeiras dos bancos, e reestabelecer a supremacia dos votos do povo sobre os dólares em Washington.
Ele conclui que os jovens no Parque Zuccotti (Praça Liberdade) e em mais de mil cidades começaram a levar os Estados Unidos para o caminho da renovação e dá algumas recomendações sobre como terão que formular propostas e participar da arena eleitoral e política do país. Adverte que aqueles que acreditam que o inverno colocará um fim aos protestos deverão reavaliar suas previsões. Uma nova geração de líderes apenas está começando. A nova idade progressista já começou.
Mas o nascimento desta nova era continua enfrentando a repressão. Na madrugada de terça-feira, em Oakland, centenas de polícias com equipamento anti-motim cercaram e expulsaram os manifestantes que ocupavam uma praça central há mais de um mês. Foi a segunda vez que se tentou desalojar o acampamento que, em seu melhor momento, contava com mais de 200 tendas de campanha. Em contraste com a primeira tentativa, no dia 25 de outubro, onde o uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha deixou vários feridos, em particular um marine veterano do Iraque que apenas na semana passada saiu do hospital ainda com problemas devido a um traumatismo craniano, nesta ocasião não se relatou violência.
Em resposta à essa primeira tentativa, foram realizados atos de protesto em todo o país, realizou-se uma greve de 24 horas que conseguiu fechar o quinto porto mais importante dos Estados Unidos, e a prefeita Jean Quan foi obrigada a pedir desculpas em público pela ação da polícia.
O pretexto oficial era que se devia garantir a segurança depois que um homem foi baleado e morreu perto do acampamento, em uma disputa que os manifestantes garantem não ter nada a ver com seu movimento. Quando finalmente a polícia chegou às 4 horas da manhã (hora local), havia muito menos ativistas que o esperado, já que alguns decidiram fazer um recuo tático. A operação policial acabou com a prisão de cerca de 32 manifestantes.
A prefeita Quan informou que a praça ficará disponível para os manifestantes durante o dia, garantindo seu direito à liberdade de expressão, mas não poderão pernoitar nela. Os detidos e outros manifestantes gritaram: “vergonha”, “vergonha” e “voltaremos”. Na terça, durante o dia, já havia reuniões entre os manifestantes para planejar seus próximos passos.
Amor e casamento na praça
No último domingo, Ocupa Wall Street em Nova York foi a cena de um casamento entre duas pessoas que se apaixonaram no acampamento depois de se conhecerem há menos de seis semanas. Emery Abdel-Latif, de 24 anos, e Micha Balon, de 19, se encontraram quando buscavam um lugar para orar na Praça Liberdade. O casal muçulmano se casou em uma cerimônia tradicional de seu credo diante um público de manifestantes e garantiu que pretende permanecer no local ao longo do inverno.
Em outubro, também no ocupa Wall Street, em Nova York, um homem se ajoelhou e, utilizando o sistema de microfone humano, pediu sua noiva em casamento, a quem pediu que ocupasse sua vida. Quando ela respondeu sim, repetido através do coro de manifestantes, estourou uma ovação.
Ação policial em Nova York
A polícia desalojou os manifestantes do Ocupa Wall Street Nova York, na madrugada desta terça-feira, retirando-os da praça onde estavam acampados desde que iniciou o movimento de protesto, em uma operação surpresa. A maior parte dos manifestantes que estavam reunidos no parque Zuccotti desde o dia 17 de setembro foram desalojados a força em menos de uma hora pela operação que começou por volta da uma hora da madrugada (hora local). Durante a operação, alguns policiais conduziram grupos de manifestantes para furgões, enquanto outros derrubavam barracas e retiravam cartazes. A polícia se negou a precisar quantas pessoas foram detidas.
Horas após serem expulsos pela polícia de Nova York da praça onde estavam acampados há dois meses, manifestantes do movimento Ocupa Wall Street convocaram novos protestos e uma assembleia geral a ser realizada em outra parte de Manhattan. Eles garantem que a repressão policial não intimidará o movimento.