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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou nesta quinta-feira (22) o rompimento das relações diplomáticas com a Colômbia, que acusa o governo venezuelano de esconder supostos membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do Exército de Libertação Nacional (ELN).
“Não nos resta, por dignidade, mais do que romper totalmente as relações diplomáticas com a Colômbia e isso nos corta o coração. Eu anuncio com uma lágrima no coração que rompemos todas as relações com a Colômbia”, disse Chávez.
O rompimento ocorreu depois de o embaixador da Colômbia na Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Alfonso Hoyos, afirmar em reunião do órgão, que 1500 guerrilheiros colombianos estão em território venezuelano. Hoyos também teria solicitado que, em um prazo de 30 dias, uma comissão internacional visite os supostos acampamentos na Venezuela.
Durante a reunião, o embaixador venezuelano Roy Chaderton, revidou as acusações e afirmou que fotos de guerrilheiros apresentadas por Hoyos não permitem identificar se se trata de território da Venezuela ou da Colômbia.
Chaderton pediu que uma outra comissão visite as bases militares usadas pelos Estados Unidos na Colômbia – fato que provocou atritos entre os dois países.
- Histórico
- Esta é a segunda vez que Chávez rompe com o governo de Uribe. A primeira foi em 2008, quando tropas colombianas entraram no Equador para atacar um acampamento das Farc.
O conselho da OEA é formado por embaixadores nomeados pelos Estados-membros da organização. Cada um tem direito a um voto e se posiciona sobre as orientações relativas a políticas e ações dos integrantes da OEA.
Intermediação
O presidente do Uruguai, José Mujica, pretende mediar a crise entre os governos da Colômbia e da Venezuela, aproveitando a viagem a Bogotá, em 5 de agosto, para a posse do novo presidente colombiano Juan Manuel Santos.
Segundo Mujica, a posse seria uma “instância de negociação” com o objetivo de “aproximar posições” com Chávez. Em março, o uruguaio disse ao jornal boliviano Los Tiempos que “sou amigo de Chávez, mas não vou brigar com a Colômbia. Não, senhor!”.
No Brasil, o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, classificou como lamentável a ruptura nas relações entre a Colômbia e a Venezuela. Para Garcia, a posse do novo presidente da Colômbia pode facilitar a retomada do diálogo entre os dois países.
“É lamentável, mas temos convicção que, com o estabelecimento do novo governo lá [na Colômbia], essas coisas possam se recompor rapidamente. Temos uma boa percepção de que há disposição dos dois governos, em um futuro próximo, de que isso venha a ser resolvido”, disse, em entrevista a jornalistas.
Segundo Garcia, a Colômbia e a Venezuela são países “muitos próximos” e esse clima não corresponde à história das duas nações. Ele afirmou ainda que o Brasil continuará buscando, por meio de conversas, atuar para o restabelecimento do entendimento entre os vizinhos. “Estou convencido de que haverá vontade das duas partes de resolver isso. O Brasil e as entidades multilaterais da região, como a União das Nações Sul-Americanas [Unasul], evidentemente, vão ajudar nessa direção”, afirmou.
Com informações da Agência Brasil e ANSA