Compartilhe
Em assembleia virtual nesta segunda-feira (08), a maioria dos trabalhadores decretaram a paralisação das empresas, numa tentativa de sensibilizar o governo federal, além de chamar atenção da sociedade do risco e prejuízo que a medida do governo federal trará ao interesse público com o descaso com as emissoras e organizações sociais envolvidas na gestão dessas empresas.
O contrato de gestão da TV Escola, firmado entre o Ministério da Educação e a ACERP foi rescindido unilateralmente pelo Ministério, sem qualquer precedente desde a criação do canal. Esse rompimento acarretou na suspensão da entrada de verba para a gestão, não obstante as atividades da TV Escola terem sido mantidas. a consequência imediata é a falta de recursos não só para tocar os projetos, mas principalmente para garantir a remuneração dos trabalhadores, que estão com os salários atrasados desde março deste ano.
Os trabalhadores e prestadores de serviço seguem desempenhando suas funções sem receber para tanto. Sem falar no risco de outros tantos trabalhadores de empresas que dependem da Acerp de perderem seus empregos e serem colocados na mesma situação.
A ACERP tem sob seu guarda-chuva projetos da maior relevância para a cultura e a educação brasileiras – a TV Escola, a TV INES e a Cinemateca Brasileira.
A TV Escola tem 25 anos de relevantes e reconhecidos serviços prestados à educação. Ela faz parte da Associação de Televisão Latinoamericana e recebeu, ao longo desse tempo, prestigiosos prêmios no Brasil e no exterior. Além dos programas que transmite, gera conteúdo para ações educativas nas redes sociais. A TV Escola é a herdeira e continuadora do sonho centenário do grande educador Edgard Roquette-Pinto e produz ferramentas importantes para a formação de alunos, professores e profissionais da educação. Importância esta reconhecida pelos próprios técnicos do Ministério da Educação, quando no ano passado atribuíram nota 9,7 de média para a TV e deram, por escrito, o aval para a renovação do contrato com o Ministério, o que foi ignorado pelo atual titular da pasta. A atitude de cortar unilateralmente o contrato, inclusive ignorando cláusula contratual de aviso prévio, sacramentou a falência da instituição e condenou centenas de famílias a ficarem sem seu sustento.
A TV INES é a primeira webTV em Língua Brasileira de Sinais (Libras), com legendas e locução – o que a torna única na proposta de integrar os públicos surdo e ouvinte numa grade de programação bilíngue, já que Libras não é a simples gestualização da língua portuguesa e tem gramática, sintaxe e léxico próprios.
Já a criação da CINEMATECA BRASILEIRA remonta ao Clube de Cinema de São Paulo, da década de 1940. Nos seus mais de 70 anos de lutas por aprimoramento e reconhecimento, foi dirigida por Paulo Emílio Sales Gomes, seu principal fundador e defensor até os anos 1970. Vinculada à Secretaria do Audiovisual em 2003, o descaso do próprio Governo Federal em 2013 trouxe impactos diretos, ocasionando o quarto incêndio de sua história, em 2016. Reconhecida internacionalmente, a Cinemateca abriga e preserva um patrimônio audiovisual imprescindível para a compreensão da nossa cultura e história dos últimos 120 anos. E que sobrevive para a sociedade brasileira, e para o mundo, graças a um quadro de trabalhadores já bastante reduzido, mas com inquestionável expertise voltada para a própria instituição. A não renovação do Contrato de Gestão implicará tanto a descontinuidade desses profissionais, como dos serviços essenciais de manutenção, segurança, limpeza e brigadista; corte de energia e prejuízos irreversíveis para o acervo e equipamentos, ocasionando a interrupção imediata das atividades da Cinemateca.