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Merece nosso total repúdio a demissão do editor-chefe, de dois editores e de um repórter especial da Rede Brasil Atual (RBA), ocorrida em 18/11, depois que esses profissionais foram deixados por alguns dias sem acesso às suas plataformas de trabalho, por meio da retirada de senhas e logins, num contexto de ostensivo assédio moral.
É inaceitável que um projeto de mídia contra-hegemônica, mantido por sindicatos combativos, reproduza a lógica e os métodos patronais, em especial ao relacionar-se com os jornalistas que nele trabalham.
As demissões devem-se à orientação adotada pela direção da RBA de privilegiar um noticiário de temas leves (tais como direitos do consumidor e serviços), na contramão da cobertura que vinha sendo concedida aos movimentos sociais, e à agenda política conjuntural, pelos profissionais agora cortados.
No início de 2013, uma repórter detentora de prêmios por matérias relacionadas a direitos humanos foi demitida da Rádio Brasil Atual (vinculada à RBA), em contexto semelhante.
Deploramos profundamente que uma experiência jornalística promissora, como a RBA, opte por apartar-se dos movimentos sociais, precisamente neste momento de intensa polarização política no país, e acabe por reproduzir o viés despolitizante e o tratamento superficial da informação que prevalecem em certos veículos da mídia comercial.