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Por Bárbara Mengardo
Desde a última sexta-feira (8/4), parte dos trabalhadores da área de limpeza da USP (Universidade de São Paulo) está em greve. Há algum tempo os funcionários da empresa União, que atua em mais de 10 unidades da universidade, colecionam reclamações sobre suas condições de trabalho, e a gota d’água foi o não recebimento de seus salários.
A empresa terceirizada possui cerca de 400 trabalhadores na USP e já havia recebido diversas reclamações, o que levou a universidade a reincidir o contrato. Ao final de abril esses funcionários serão demitidos, e, além disso, a União não pagou a eles o último salário.
Em resposta a essa situação, os terceirizados decretaram greve e em vários prédios da USP o lixo se acumula pelos corredores. Na segunda-feira, a FFLCH-USP (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP) suspendeu as aulas de todos os períodos por conta da sujeira.
Os trabalhadores também fecharam a entrada da reitoria e realizaram diversas passeatas. A última, que aconteceu na tarde do dia 12, reuniu cerca de 300 dos funcionários terceirizados, mas segundo Magno de Carvalho, diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), foi endossada por centenas de estudantes: “A passeata entrou em várias unidades da FFLCH e teve a adesão de estudantes e mesmo alguns professores”.
Segundo Magno, a situação destes trabalhadores, mesmo antes do não pagamento do salário era muito precária. Ele diz que, além de receberem salários irrisórios, os funcionários não possuíam refeitório próprio e não podiam utilizar os localizados no interior da universidade. “É comum os trabalhadores comerem no banheiro” diz.
Os terceirizados, juntamente com o Sintusp, exigem que a USP obrigue a União a pagar o que deve aos trabalhadores, supervisionando se o dinheiro que paga à empresa seja repassado aos funcionários. Segundo Magno, essa medida já foi praticada durante outras gestões, em situações semelhantes, quando outros reitores se reuniram com empresas e sindicato para assegurar o pagamento de salário aos trabalhadores.
Para o dirigente, o reitor João Brandino Rodas, entretanto, segue outra lógica: “O reitor acha que a universidade tem que estar a serviço do mercado, tanto que afirmou que a universidade pública não tem necessariamente que ser gratuita. O desmonte agora é na categoria, a política do atual reitor é terceirizar o máximo possível, então contrata empresas picaretas que não cumprem o contrato”.
Desde que assumiu, Rodas vem desagradando diversos setores da universidade ao realizar demissões, terceirizações, instaurar processos contra estudantes e ameaçar o fechamento de cursos. “A tendência é a USP toda explodir, porque ele está mexendo com todo mundo” avalia Magno.
De fato, os funcionários da reitoria fecharão a entrada do prédio em que trabalham durante todo o dia 14, em resposta à proposta do reitor de deslocar 125 trabalhadores para um escritório da USP no bairro de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo.
* Foto da home: divulgação Sintusp