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Na semana passada a notícia de trabalhadores encontrados em fazendas no Rio Grande do Sul em situação análoga à escravidão escancara novamente para que serve a terceirização: precarização maior das condições de trabalho, ausência de direitos, desrespeito à dignidade humana.
Pela Intersindical
Mais de 200 trabalhadores foram resgatados de um alojamento degradante na cidade de Bento Gonçalves, eles foram contratados pela terceirizada Fênix Serviços Administrativos e A
poio à Gestão de Saúde LTD, contratada por grande vinícolas como Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi.
Os trabalhadores relataram que além do desrespeito aos direitos trabalhistas e das péssimas condições de trabalho, sofriam torturas: eram espancados, sofriam agressões com spray de pimenta e choques elétricos. Policiais do Rio Grande do Sul estão sendo investigados por haver denúncia de estarem envolvidos em mais esse crime contra os trabalhadores.
Como sempre as empresas que contratam as terceirizadas tentam se livrar da responsabilidade afirmando que não “compactuam” com a situação imposta a essas centenas de trabalhadores, mas na realidade são as responsáveis diretas ao impor e ampliar a terceirização, que para os empresários significa aumento dos lucros às custas do desrespeito à saúde e à vida dos trabalhadores.
Mais exploração e opressão: o que aconteceu em Bento Gonçalves também escancara o ódio de classe que se expressa nos ataques xenófobos que vimos de um vereador de Caxias do Sul.
Esse vereador, Sandro Fantinel/Patriotas, apoiador do ex-presidente Bolsonaro, defensor do agronegócio, chamou os trabalhadores vindos da Bahia que foram resgatados de sujos e vagabundos. A fala criminosa desse vereador é a demonstração cabal do que significa os trabalhadores paras os patrões: seres humanos que devem ser servis, tratados não como gente e que devem agradecer por serem intensamente explorados.
A esse vereador fascista o mínimo que deve se exigir é a cassação de seu mandato e que responda criminalmente por fala xenófoba.
Mas é preciso ir além: exigir responsabilização da empresa terceirizada que manteve os trabalhadores em situação degradante e responsabilizar as grandes vinícolas que seguem aumentando seus lucros às custas da precariedade do trabalho imposta pela terceirização
Enquanto para as mercadorias do capitalismo não há fronteiras, para os seres humanos sim : na mesma semana em que trabalhadores do Nordeste são resgatados no Rio Grande do Sul da situação de trabalhado degradante e sofrem com ataques xenófobos, na Itália mais de 50 imigrantes morreram afogados no mar, entres as vítimas mais de dez crianças. Vinham do Afeganistão, Paquistão e Irã, como centenas de milhares buscavam melhores condições de vida e trabalho.
Há cada ano a imigração aumenta, são centenas de milhares de mulheres e homens trabalhadores e seus filhos que buscam se livrar das guerras, perseguições do Estado e da fome de seus países de origem, mas quando saem em busca disso sofrem outra agressão a sua dignidade humana; a política anti-imigração imposta pelos Estados nacionais principalmente vinda dos EUA e das economias dominantes da Europa.
São centenas de crianças que se encontram hoje nos EUA apartadas de seus pais, em alojamentos que são verdadeiras prisões. A política de repressão a quem tentar entrar nesses países e tão grande que muitos buscam caminhos mais perigosos de ingressar nesses países e quando não são vítimas de acidentes como esse que aconteceu na Itália, morrem nas mãos dos atravessadores, antes conhecidos como coiotes.
Seja no Brasil e em qualquer outro país do mundo a cada dia o sistema capitalista não consegue mais esconder que sua manutenção se sustenta na exploração, opressão e violência contra a classe trabalhadora.
Por tudo isso, fortalecer a luta pela destruição desse sistema, é lutar em defesa da vida.