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O folhetim, que deve ser lançado em março, tem como contexto as décadas de 1960 e 1970, quando o Brasil viveu sob o domínio do Exército.
Para dar conta desse complexo passado, o elenco do folhetim frequentou oficinas, nas quais acompanhou relatos de militantes que foram torturados no período. “Foi assustador ouvir os depoimentos. Um misto de horror e de indignação. Foram revelações que nos colocaram frente a frente com uma história cruel e desumana”, diz o ator Licurgo Spínola, que vai dar vida a um líder da luta armada, que acredita em seus ideais e é capaz de colocar sua vida em jogo pelo país.
“Já tinha lido sobre o golpe e a ditadura, mas conhecer esses heróis que lutaram pela liberdade e saber de suas histórias foi uma lição de vida para mim”, completa.
Umas das que contaram suas experiências na luta contra o governo ditatorial foi a jornalista Rose Nogueira, que ficou detida 30 dias após dar à luz seu primeiro filho. “Eu chorei durante todo o tempo em que ouvia as histórias. Além disso, foi enriquecedor, uma vez que a minha personagem também será torturada e se separará dos filhos”, revela a atriz Gabriela Alves.
Os encontros, antes do início das gravações, não foram apenas teóricos. Os atores também pegaram em armas, treinaram coreografias de lutas e ensaiaram posições em paus-de-arara. “Foi ótimo para criar uma intimidade com as situações que passaremos nas cenas, dando mais veracidade à trama. Além disso, permite que não nos machuquemos na hora de gravar”, afirma Gabriela.
Já para Claudio Lins, que vai interpretar um militar contrário ao golpe, manusear armas foi como realizar um sonho de criança. “Foi uma preparação semelhante à de um filme de ação”, empolga-se.
No caso de Spínola, o treinamento foi considerado tranquilo. “Sou filho e irmão de militares. Antes de ser ator, pensei em seguir essa carreira. Então, na minha vida, já tive muito treinamento, ordem unida, prática de guerra”, afirma.
A preocupação em ser fiel à história é tamanha que, mesmo após a preparação e o início das gravações, o ator ainda mantém contato com alguns palestrantes. Entre eles, o revolucionário Rubens Batistelli. “Os detalhes das torturas me preenchem de um sentimento que mistura justiça e medo. E isso coloca o meu personagem no fio da navalha”, diz Spínola.
Saber mais a própria história
A atriz Gabriela Alves aguarda com ansiedade a estreia de “Amor e Revolução”. E mais: considera a sua exibição primordial para que os brasileiros conheçam um pouco mais de sua própria história. “Sobretudo, em um momento no qual existe uma discussão a respeito da abertura dos arquivos secretos da ditadura militar”, acrescenta.
Já Cláudio Lins relembra o fato de, a partir deste ano, o Brasil ser presidido por Dilma Rousseff, uma ex-presa política que também foi torturada na época do regime militar.