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sem autorização
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DE SÃO PAULO
Apesar de não possuir concessão do Ministério das Comunicações para exercer a radiodifusão, o candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, opera ao menos desde 2011 uma rádio no interior do Estado.
O candidato declarou à Justiça Eleitoral ser dono de empresa de rádio em Leme (SP), em sociedade com familiares, mas a concessão pertence a uma empresa de Cametá, cidade do interior do Pará.
A Rede Brasil FM 101,1, que funciona no endereço da empresa de Russomanno, usa a concessão dada em novembro de 2010 à Amazônia Comunicações, que está registrada em nome de um médico de Cametá, João Batista Silva Nunes.
Segundo o Ministério das Comunicações, não existe nenhum processo de pedido de autorização de transferência da concessão da Amazônia para a Rede Brasil, o que seria obrigatório.
E, mesmo que houvesse esse pedido de transferência, ele também não estaria, agora, amparado pela lei.
O decreto 52.795/63, que regulamenta os serviços de radiodifusão no país, prevê que todo processo de transferência da outorga só pode ocorrer após cinco anos da data de expedição da licença, o que só ocorreria em 2015.
CASSAÇÃO
Oficialmente, o Ministério das Comunicações considera que a Rede Brasil não exerce nenhum controle sobre a rádio de Leme.
A pasta afirma que, caso seja constatada irregularidade, a licença da rádio pode ser cassada.
A empresa Rede Brasil foi constituída na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) em setembro do ano passado, com capital social de R$ 30 mil.
O candidato à prefeitura detém pouco mais da metade, R$ 15,6 mil. O restante está registrado em nome de familiares do candidato. Na declaração de bens que registrou na Justiça Eleitoral, o candidato afirma que sua participação vale R$ 22,8 mil.
Mas a Amazônia Comunicações venceu o leilão do canal pelo preço de R$ 520,4 mil, segundo o Ministério das Comunicações.
Isso em valores de junho de 2007, quando foi realizado o pregão.
PROGRAMAÇÃO
A rádio tem um transmissor instalado em um morro da cidade e vem operando normalmente. Toca música pop e apresenta programa de jornalismo pela manhã.
Uma FM já consolidada na região, o que não é o caso da rádio operada pela empresa der Russomanno, está sendo vendida, segundo um profissional do ramo, por cerca de R$ 2 milhões, já com os equipamentos de transmissão, mas sem o prédio.
OUTRO LADO
Procurada desde terça-feira, a assessoria do candidato Celso Russomanno informou anteontem de manhã que os documentos do Ministério das Comunicações a respeito da concessão da rádio estavam “sendo analisados”.
Mais tarde, a assessoria disse que o pedido de explicações sobre o negócio estava “nas mãos” de Russomanno. A Folha voltou a entrar em contato com a assessoria do candidato ontem, mas não houve resposta até o encerramento desta edição.
A reportagem ainda entrou em contato com dois hospitais onde trabalha João Batista Silva, dono da Amazônia, que detém a concessão da rádio em Leme.
Nunes é diretor em hospital de Cametá. A pessoa que atendeu o telefone disse que ele costuma circular em vários locais. A Folha deixou recado em celular que seria dele, mas não houve resposta.