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A presidente do Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM) do Rio de Janeiro, Cecília Coimbra, comemorou a decisão do promotor da Justiça Militar, Otávio Bravo, de investigar o desaparecimento de ativistas de esquerda assassinados sob tortura em quartéis e locais civis utilizados pelo aparato repressivo durante a ditadura militar.
“Desaparecimento é um crime continuado, não prescreve até que o corpo seja encontrado, mas para nós foi uma surpresa, que um promotor militar tenha tomado essa iniciativa. É um jovem com boa vontade”, enfatiza.
Ela teme, no entanto, que os militares dificultem a apuração do caso pelo promotor. “Queremos que a ação seja direcionada para a Justiça civil”, destaca apreensiva. O promotor Otávio entrou com processo criminal, no último dia 10, para investigar o desaparecimento de ativistas de esquerda nos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, jurisdição de sua Promotoria.
O Grupo Tortura Nunca Mais identificou 40 militantes que teriam sido assassinados sob tortura nos porões do regime no Rio de Janeiro. Mário Alves, do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Rubens Paiva, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Stuart Edgard Angel Jones, do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e Carlos Alberto Soares de Freitas, da VAR-Palmares, são alguns dos nomes que engrossam essa lista.
Os dois primeiros foram assassinados no DOI-Codi do I Exército, localizado na rua Barão de Mesquita, na Tijuca. Stuart perdeu a vida na Base Aérea do Galeão, nas mãos de agentes da Cisa, o serviço de inteligência da Aeronáutica. Carlos Alberto morreu na Casa da Morte, como era conhecida a masmorra de Petrópolis.