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Atualmente, a Fundação está sob ameaça de acumular uma dívida trabalhista de RS$ 160 milhões – referente ao valor de ações de ex-funcionários que estão pleiteando na Justiça indenização. Com o enxugamento, a meta é de que apenas 30% da programação – como as atrações “Roda Viva”, “Vitrine” e os programas infantis – seja produzido pela equipe da Cultura. Além disso, a não-renovação dos contratos com a TV Justiça e a TV Assembleia deve ocasionar a demissão de 285 funcionários.
Segundo a Folha.com, a decisão está alinhada à opinião do secretário de Cultura de São Paulo, Andrea Matarazzo. A Cultura fará editais ainda este ano para comprar programas de produtoras independentes, e pretende usar recursos públicos, como o Fundo Setorial Audiovisual (FSA), e ampliar patrocínios de empresas por meio de incentivo fiscal.
O presidente da mantenedora da TV Cultura declarou que as medidas têm por objetivo concentrar o “reduzido talento administrativo na telinha e no rádio”. Ao ser questionado sobre o fim dos contratos com a TV Justiça e a TV Assembleia, Sayad justificou dizendo que “o foco da TV é o seu público”, e que as operações para colocar as duas emissoras no ar consomem a energia da equipe de produção e impõem encargos trabalhistas.
“Essas outras atividades, que imaginávamos dar uma margem [financeira], nos causam grandes problemas administrativos e trabalhistas”, afirmou. Além disso, o aumento do passivo trabalhista, que pode chegar a R$ 160 milhões caso a emissora perca ações na Justiça, representa quase o dobro dos R$ 84 milhões repassados pelo estado de São Paulo à Fundação.
Sobre as demissões de funcionários, Sayad declarou que eles não ficarão desempregados, e que possivelmente serão incorporados às novas equipes que produzirão para a TV Assembleia e a TV Justiça. O presidente da gestora da TV Cultura contratou uma empresa de consultoria para regularizar a situação jurídica dos empregados. Entre algumas medidas estão a criação de um comitê para avaliação de contas e até mesmo mudanças na iluminação.
“Estamos reprogramando a imagem fotográfica”, explicou. “Há uma reclamação secular que a Cultura é escura. Sempre achei isso. Contratamos um iluminador e vamos fazê-la clara, cheia de luz”, disse.
Já a programação da emissora será avaliada de acordo com critérios de custo, audiência, participação no número de televisores ligados (share), repercussão e se as concorrentes têm ou não uma atração semelhante. A exclusão de programas que não gerem índices de audiência acima de alguns parâmetros não está descartada por Sayad. Ele explicou que alguns programas eram incluídos na grade sem uma avaliação prévia, pelo fato de terem sido financiados por alguma empresa e por não gerarem custos ao canal.
“Depois da internet, o público específico não precisa ocupar horário nobre da TV. Tenho preocupação com audiência”, afirmou. “É um esforço para que a grade não seja suja por um programa só porque tinha verba e fazer com que o telespectador, ao zapear, fale: ‘Aqui, só tem porcaria'”.