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A presença da mulher no mercado formal de trabalho continua crescendo, principalmente entre as de mais escolaridade, aponta pesquisa da Fundação Seade e do Dieese relativa à região metropolitana de São Paulo. Mas o levantamento mostra também que permanece a desigualdade salarial entre homens e mulheres, mesmo entre os mais escolarizados.
“A evolução da presença no mercado de trabalho tem sido acompanhada por avanços importantes de seus empregos e na diversificação de suas oportunidades de trabalho”, dizem os institutos, em nota sobre o estudo. “Ao menos em parte, tais avanços podem ser atribuídos ao aumento de seus níveis de escolaridade e, em especial, ao crescente número de mulheres com educação superior”, prossegue o texto.
De 2009 para 2010, foram abertos 163 mil postos de trabalho para mulheres na Grande São Paulo. Elas representam 45% da população ocupada. A taxa de desemprego feminina recuou pelo sétimo ano seguido, atingindo 14,7%, ainda bem acima da masculina (9,5%). O rendimento médio aumentou em ambos os casos, mas essa alta foi maior para os homens, fazendo aumentar a diferença entre a remuneração entre os gêneros. Em média, em 2009, as mulheres ganhavam 79,8% dos valores médios recebidos pelos homens. No ano passado, essa proporção havia caído para 75,2%.
A pesquisa mostrou aumento da participação de trabalhador com ensino superior completo, de 11,7% para 15% da População Economicamente Ativa (PEA). Entre as mulheres, essa proporção já chegou a 17,1%, ante 13% dos homens. A presença feminina entre a PEA com nível superior ultrapassou a masculina e atingiu 53,6%. Em 2010, os homens eram maioria (51,3%).
Com isso, também cai a presença de mulheres menos escolarizadas. “Tal retração pode ser explicada pela simples redução do número de mulheres com pouca instrução formal, mas pode também ser reflexo do aumento das exigências de escolarização para o ingresso nos postos de trabalho disponíveis, que excluem as mulheres com baixa escolarização do mercado de trabalho, ou o adiamento desse ingresso pelas mais jovens, que preferem privilegiar sua formação escolar”, afirma a pesquisa Seade/Dieese.
O ensino superior mostra ser um diferencial na inserção no mercado. No ano passado, a taxa de participação feminina (proporção de mulheres ocupadas ou desempregadas com 10 anos ou mais) era de 56,2%. Entre as mulheres com curso superior, a taxa chegou a 83,6%. Segundo o estudo, as taxas de participação feminina só aumentaram no ensino médio ou superior, caindo entre analfabetas e no ensino fundamental. A taxa de desemprego total em 2010 para trabalhadoras foi de 16,5%. Para trabalhadoras com nível superior, foi de 6,2%.
A formalização também vem crescendo, em ambos os casos. Em 2000, 33% das mulheres sem ensino superior tinham carteira assinada – esse número chegou a 43,8% em 2010. Entre trabalhadores com nível superior, 75,8% das mulheres ocupavam postos formais de trabalho.
“Pode-se afirmar, portanto, que a evolução da presença feminina no mercado de trabalho tem sido acompanhada por avanços importantes na qualidade de seus empregos e na diversificação de suas oportunidades de trabalho. Ao menos em parte, tais avanços podem ser atribuídos ao aumento de seus níveis de escolariedade e, em especial, ao crescente número de mulheres com educação superior”, conclui a pesquisa.
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