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Aconteceu na última quinta-feira (24) mais uma manifestação contra o aumento das passagens dos ônibus municipais em São Paulo. O protesto foi realizado no centro da capital paulista e reuniu cerca de 2,5 mil pessoas.
Este é o sétimo protesto do ano contra o reajuste de 11,11%, aplicado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM), que fez com que as tarifas dos ônibus passassem de R$ 2,70 para R$ 3. O Movimento Passe Livre de São Paulo (MPL-SP), ao lado de estudantes e outras organizações, tem encabeçado as ações contra o aumento.
Os militantes iniciaram o protesto em frente ao Teatro Municipal às 17h e seguiram pelo centro da capital, passando pelo Largo São Francisco, a praça da Sé e o Terminal Parque Dom Pedro. Os manifestantes chegaram a entrar no terminal e fizeram panfletagem, após acordo com a Polícia Militar (PM) que havia feito um cordão de isolamento para impedir o ingresso dos estudantes. A manifestação terminou em frente à prefeitura de São Paulo por volta das 21h30.
Policiamento
Não houve registro de violência durante o protesto. No entanto, antes do início do ato, por volta das 15h30, um jovem de 19 anos foi detido por policiais acusado de portar um coquetel molotov e duas bombas caseiras.
Durante todo o trajeto, os estudantes que protestavam contra o aumento das passagens foram acompanhados por forte aparato policial. Desde o início da tarde, cerca de 130 homens da PM se posicionaram na região do protesto. A intenção da PM era tentar impedir qualquer tentativa de entrada na prefeitura.
No protesto da semana passada, no dia 17, seis militantes do Passe Livre se acorrentaram às catracas de acesso no saguão da prefeitura. Do lado de fora, acontecia o protesto, que acabou sendo duramente reprimido pela PM. A ação policial resultou em muitos feridos, entre eles, militantes, jornalistas e vereadores. O assistente social Vinicius Figueira, ao tentar proteger a vereadora Juliana Cardoso (PT) de uma agressão, foi espancado por cerca de oito policiais. Ele sofreu várias lesões pelo corpo, teve o nariz quebrado e foi submetido à cirurgia.
Negociação
O MPL exige a revogação do aumento das passagens, em vigor desde o dia 5 de janeiro. Desde o início dos protestos, em 13 de janeiro, o movimento solicita esclarecimentos da administração pública sobre o reajuste.
No dia 12 de fevereiro foi realizada uma audiência pública na Câmara dos Vereadores para discutir o aumento das passagens. Estiveram presentes militantes do MPL, estudantes, vereadores e o secretário de Transportes, Marcelo Cardinale Branco. Na ocasião foi agendada uma reunião entre membros do Executivo e militantes do movimento contra o aumento das passagens para o dia 17. No entanto, os representantes do poder público não compareceram ao encontro.
Na última sexta-feira (18), o Partido dos Trabalhadores (PT) entrou com um mandado de segurança contra o prefeito no Tribunal Superior de Justiça de São Paulo (TJ-SP). No pedido de liminar, o PT solicita a contestação da planilha de custos da SPTrans (empresa que administra o transporte de ônibus em SP) para calcular a tarifa dos ônibus na capital paulista.
Na quarta-feira (23), a prefeitura lançou uma nota propondo o agendamento de uma nova reunião entre os membros do MPL e a Secretaria de Transportes. Conforme a nota,o objetivo é o “pleno esclarecimento dos custos do sistema de transporte público da cidade”. O encontro deve ocorrer na próxima sexta-feira (04) na sede da secretaria.
No entanto, de acordo com o MPL, a iniciativa não é suficiente porque a secretaria não tem o poder de reverter o aumento. O movimento exige uma reunião com o prefeito Gilberto Kassab.