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Nesta quinta-feira (10) mais uma vez a truculência dos patrões se mostrou sem limites, dessa vez no Espírito Santo, onde os radialistas realizavam o segundo dia da greve de advertência contra a intransigência patronal em negociar a pauta da categoria, representada pelo Sindicato dos Radialistas, filiado à Fitert. Os trabalhadores, que já tinham realizado um atraso no horário de entrada na emissora local afiliada ao Grupo Record (a TV Vitória) no dia 10 de junho, atrasaram nesta quinta-feira a entrada na TV Gazeta (Globo capixaba), o que prejudicou a veiculação do noticioso ‘Bom Dia Espírito Santo’.
A empresa, que tem sido o principal entrave na negociação da campanha salarial, decidiu utilizar a força do aparato do Estado para tentar impedir o direito dos trabalhadores à organização sindical e à greve. Primeiro, denuncia o coordenador da Fitert, José Antônio Jesus da Silva, que acompanhou o movimento, a TV Gazeta “escondeu carros de reportagem na garagem do Corpo de Bombeiros”. Depois, conforme relata Zé Antônio, “pressionou até a Secretaria de Segurança Pública do Estado para impor, com uso da força policial, a entrada de trabalhadores na emissora”. Não chegou a ocorrer violência por parte dos policiais, mas os profissionais que estavam em serviço relatavam constantemente a cobrança da emissora sobre a chefia de polícia para que, se necessário fosse usada a força. A Fitert considera um absurdo que a estrutura de segurança pública de um Estado seja utilizada desta forma em favor de um grupo privado, sendo que todos os cidadãos, incluindo os radialistas contratados pela TV Gazeta, pagam os impostos que fazem funcionar a estrutura do Estado para atuar em prol da população.
Nesta sexta, o Sintertes promoveu uma manifestação dos trabalhadores pelas ruas de Vitória, com passagem em frente aos quatro principais grupos de radiodifusão daquele Estado. Até o fechamento desta matéria não havia nenhuma nova proposta dos patrões para solucionar o impasse que se arrasta há mais de dez reuniões de negociação e que já chegou ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
No último dia 3 a categoria decidiu deflagrar um processo grevista, com atividades setorizadas por empresa num primeiro momento, a fim de fazer avançar a discussão sobre a pauta de reivindicações dos trabalhadores.
Os patrões vêm emperrando as negociações desde abril e, na reunião ocorrida no MPT na tarde do dia 3, apresentaram como “proposta” um reajuste linear de 7% sem reflexo no tíquete alimentação, uma das pautas prioritárias da categoria. A procuradora chefe do MPT, Ana Lúcia Coelho de Lima, já havia proposto em outra reunião, no dia 27 de março, uma mediação aceita pela categoria em assembleia mas rejeitada pelo sindicato patronal. A proposta do Ministério Público do Trabalho é a seguinte: tíquete alimentação no valor de R$ 10 por dia trabalhado; custeio de 50% dos valores do plano de saúde pelas empresas; 8,7% de reajuste salarial; e 8,7% de reajuste nos pisos salariais. Ocorreram três reuniões mediadas pelo MPT, nas quais as empresas negaram-se a negociar.
Por isso, os trabalhadores seguem em greve. Veja algumas imagens da mobilização no Espírito Santo.