Compartilhe
Camila Pitanga, em cena de “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios”, que abre festival paraibano (Divulgação)
Além da capital da Paraíba, a programação inclui uma expedição até Cabaceiras – a quase 170 quilômetros de distância –, que ganhou a alcunha de “Roliúde Nordestina” por ter sido cenário de vários filmes nacionais, como “O Auto da Compadecida” e “Cinemas, Aspirinas e Urubus”.
O filme que abre o festival, inspirado em livro de Marçal Aquino, tem Camila Pitanga e Antonio Pitanga no elenco. Neste sábado (10) à tarde, será a vez da exibição de “Rock Brasília – Era de Ouro”, de Vladimir Carvalho. Também será aberta a mostra competitiva de curtas digitais. À noite, outra homenagem, também pelo conjunto da obra, desta vez à atriz Bete Mendes, pouco antes da exibição “Marighella”, de Isa Grispum (leia na edição 64 da Revista do Brasil).
O nome do evento é inspirado em documentário dirigido em 1960 pelo paraibano Linduarte Noronha, que mostra uma comunidade quilombola na Serra do Talhado, naquele estado, “com uma pequena população num ciclo econômico trágico e sem perspectivas”, conforme o texto de apresentação do filme – que influenciou a geração do Cinema Novo. Em sua “Revisão Crítica do Cinema Brasileiro”, Glauber Rocha diz que Aruanda “inaugura o documentário brasileiro nesta fase de renascimento que atravessamos”.
Aruanda também é nome de uma composição de Carlos Lyra e Geraldo Vandré. “Eu tinha visto um documentário chamado Aruanda, que mostrava uma colônia negra no norte do Brasil, aqueles negros fugindo do colonialismo, das fazendas, e se isolavam num lugar chamado Aruanda, que em africano quer dizer paraíso. Fiz a música e dei o tema da história toda para ele”, contou Lyra há alguns anos. Também paraibano, Vandré foi convidado a participar do festival e chegou a confirmar que iria, mas, segundo a organização, “declinou do convite por motivo de força maior”.
Para o diretor do festival, Lúcio Vilar, o evento – que começou em 2003, em uma mostra universitária com 70 pessoas – está consolidado. “Acho que a gente já deu passos importantes nesse sentido, principalmente nos últimos três anos. Como formato, está plenamente consolidado”, afirma. No entanto, os organizadores ainda se ressentem do que ele chama de “pouca sensibilidade do setor empresarial da região”, fazendo com que o festival ainda dependa basicamente de recursos públicos. Vilar destaca o fato de o evento apresentar, nesta edição, seis filmes inéditos nas seis noites de exibição. Também estão na grade os longas “Uma longa viagem”, de Lúcia Murat, “Malditos Cartunistas”, de Daniel Garcia e Daniel Paiva, e “Raul, o início, o fim e o meio”, de Walter Carvalho. “E muitos documentários que tratam de música. Aqui é a terra do documentário”, acrescentou Vilar.
Sobre a ida a Cabaceiras, ele lembra que virou uma espécie de “locação preferida” de muitos diretores. “A ideia era fazer um polo. A coisa não prosperou tanto, mas continuou sendo um oásis para os produtores, porque tem sol o ano inteiro.”
Quanto a Vandré, um lamento. “Ele disse que viria, confirmou tudo… Vai que de repente aparece aqui. Estaremos prontos para qualquer eventudalidade.”