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Economista Pavan Sukhdev
É o que sustenta o economia indiano e ex-diretor da área de economia verde do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Pavan Sukhdev.
“Temos de ter uma gestão melhor, no aspecto da propaganda. Com empréstimos limitados, com as empresas expondo suas finalidades. A propaganda de hoje se aproveita das fraquezas, da insegurança, transformando-as em vontade, e a vontade em exigência. E, para finalizar, a exigência em produto. Somos escravos de um ciclo”, lamentou o economista.
Ele questiona a curta duração dos produtos, tendo em vista a possibilidade de que eles durem inúmeras vezes mais. “Por que produtos que poderiam durar 2 anos duram 3 meses? Só porque os fabricantes querem. Por que os carros não podem durar 20 anos?”, indaga Pavan.
O economista indiano, que é um dos autores da publicação do Pnuma Green Economy Report, afirma que as pessoas e organizações que não acreditam – ou veem com ceticismo – nos conceitos de economia verde, acreditam que esse tipo de economia estará “vendendo” a natureza. Ele afirma que não é essa a ideia do conceito.
Sukhdev diz que o grande desafio do documento da ONU sobre a economia verde é a linguagem, pois a explicação em determinado idioma pode haver relevantes diferenças ou até mesmo semelhanças. As palavras” valor” e “preço” podem resultar em interpretações ambíguas, como, por exemplo, causar confusão na expressão “a natureza não tem preço, só tem valor”, ressalva o economista.
Países como Venezuela e Bolívia temem que a economia verde sirva para que se imponham mais barreiras comerciais protecionistas. “Eles acham que é a ideia de desenvolvimento de um mundo capitalista. Esse documento é um passaporte de países como a Índia, por exemplo”, concluiu o economista indiano.
Outras medidas de desenvolvimento
Ainda de acordo com Pavan, o Indíce de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede o desenvolvimento humanos dos países, é positivo por ter um sentido multidimensional. Porém, segundo ele, o indicador ainda não é o mais adequado por medir não o bem-estar das pessoas, mas sim seu fluxo médio, como consumo médio e expectativa média, por exemplo. Ele defende um componente diferente para medir o desenvolvimento, que aborde temas ambientais e sociais. Ele também é crítico do modelo de medição do Produto Interno bruto (PIB). “O PIB clássico não dá as respostas que nós precisamos. Precisamos de ajustar o PIB com base no índice de Gini. E também incluir medições de saúde”, defendeu.