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Em debate realizado nesta quarta-feira 15, a representante no Brasil, Natalia Viana, disse que o website possibilita a democratização da denúncia. Foto: Bruno Huberman
O que significa o vazamento dos mais de 250 mil documentos da diplomacia americana pelo Wikileaks? Por que a publicação dos “cables” na rede provocou uma onda de reações contra o fundador do site, Julian Assange, que chegou a ser preso por acusações de supostos crimes sexuais cometidos na Suécia? O que representa, de fato, os dados tornados públicos para a liberdade de expressão na internet?
Essas foram algumas perguntas discutidas durante o debate Wikileaks: o que está em jogo?, realizado por 17 organizações de direitos humanos e comunicação – como o Intervozes – na última quarta-feira 15. O evento, ocorrido no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, teve participação da jornalista Natalia Viana, representante do Wikileaks no Brasil (leia o blog que Natália mantém em parceria com CartaCapital)
Segundo a jornalista, o Wikileaks representa a possibilidade de democratizar a denúncia: “A denúncia já podia ser feita pela mídia tradicional, com a ressalva dela ser ligada a interesses”. Ela ressalta que o Wikileaks configura-se como um espaço para o qual indícios de má conduta dos Estados Unidos ou outros governos e empresas podem ser enviados.
Wikileaks e mídia
Natalia Viana explicou que a última leva de documentos liberados foi marcada por uma mudança no modo de operar do portal de Julian Assange. Pela primeira vez, houve uma parceria com grandes meios de comunicação, com o objetivo de maximizar a dispersão e “legitimar os vazamentos“. Os veículos parceiros são The New York Times, The Guardian, El Pais, Der Spiegel e o francês Le Monde, que também auxiliam na revisão e remoção de dados que, caso revelados, poderiam acarretar riscos à segurança de pessoas.
No Brasil, existe uma parceria com dois jornais: a Folha de S.Paulo e O Globo, que tiveram acesso a todos os três mil documentos que fazem referência ao País.
Sigilo x direito a informação
Para a jornalista, os documentos devem ser encarados como de interesse público, que não são exclusividade de um estado. Ela lembra que a divulgação de relatórios oficiais de relevância pública está protegidas nos EUA, por exemplo, desde o Freedom of Information Act, criado em 1966.