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Ocupação na avenida São João, na altura do número 572, tinha cerca de 400 pessoas. Desde as 12h desta segunda-feira (4), os manifestantes que haviam saído do local não puderam retornar para o prédio
quatro prédios no centro da capital paulista chega a 3.800. A estimativa foi
feita, na tarde desta segunda-feira (4), por Osmar Borges, coordenador geral da
FLM (Frente de Luta por Moradia), responsável pelas ocupações.
Os prédios foram invadidos na madrugada desta
segunda. Eles estão localizados em quatro pontos do centro da capital paulista:
no número 925 da avenida Ipiranga, no número 572 da avenida São João, na altura
do 584 da avenida Nove de Julho, e o Edifício Prestes Maia, localizado no
número 911 da avenida de mesmo nome. Na avenida Ipiranga, há cerca de mil
pessoas.
Segundo Borges, a situação do grupo é difícil. Ele
conta que a Polícia Militar, que está na área desde o início da manhã, impede a
entrada e a saída de pessoas e alimentos nos edifícios, isolando os
manifestantes. O coordenador afirma que negociações estão sendo feitas com a
prefeitura, mas o clima de tensão nos prédios ainda é grande.
– Elisabete França [superintendente de Habitação
Popular] ligou para negociar conosco. Nós pedimos para ela interferir no
policiamento, para que ninguém ficasse ferido. Em resposta, ela nos disse que a
Polícia Militar estava fazendo trabalho de proteção ao patrimônio.
Cristiana de Souza Cavalcante, 33 anos, empregada
doméstica sem-teto era uma das pessoas que reclamavam da ação dos policiais.
Ela participa da ocupação do prédio na avenida São João. Por volta das 16h, ela
estava na calçada do edifício e se dizia preocupada com a situação das filhas,
pois não sabia se elas conseguiriam voltar a entrar no edifício.
– Saí de manhã para resolver alguns problemas,
deixei minhas cinco filhas em outro lugar. Tem gente que saiu para trabalhar e
já não sei mais o que vai acontecer.
A reportagem do R7 entrou em contato com a assessoria
da Polícia Militar, mas não obteve resposta sobre as críticas feitas pelos
sem-teto até a publicação desta notícia.
Motivação
De acordo com a Frente de Luta por Moradia, as
ocupações estão sendo feitas por causa do fim do bolsa-aluguel prometido pela
Prefeitura no último mês de abril após manifestação no viaduto do Chá, também
no centro.
O objetivo do movimento é pressionar os governos
federal, estadual e municipal a transformar os imóveis abandonados em moradias
populares.
Sehab
Por meio de nota, a Sehab (Secretaria Municipal de
Habitação) esclareceu que “não tem poder para arbitrar sobre propriedade
particular”.
De acordo com a secretaria, dos quatro imóveis
ocupados por sem-teto, um integra a lista dos que serão reformados para
moradia. Outro pertence ao INSS, o terceiro é o Prestes Maia e, por último, é
um edifício particular cujo proprietário já encaminhou para aprovação um
projeto de habitação de interesse social.
Ainda segundo a nota, “os prédios do INSS e o
Prestes Maia foram reinvadidos após várias reuniões das lideranças com
representantes da Prefeitura e do Governo Estadual. Na última delas, ocorrida
em 30 de abril de 2010, ficou acordado que das 540 famílias invasoras do prédio
do INSS, 247 receberiam o auxílio aluguel, e continuam recebendo, por conta da
primeira invasão (esta já é a terceira ocupação do imóvel). Porém, todas serão
atendidas pela CDHU no programa Minha Casa Minha Vida Entidades”.
No caso do edifício Prestes Maia, a Sehab afirma
que “das 509 famílias cadastradas após a invasão da época, 245 já
receberam Carta de Crédito da CDHU, de R$ 70 mil a R$ 100 mil; 158 foram
atendidas com unidades habitacionais da CDHU nos conjuntos José Bonifácio H1 e
H2, em Itaquera; e para 106 famílias falta apenas entregar os documentos para
análise e liberação de Carta de Crédito”.