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Alienar e treinar como se fosse um adestramento os filhos da classe trabalhadora para atender os interesses do Capital, é isso que significa o projeto “ escola sem partido” apresentado em várias Câmaras Municipais na maioria das regiões do país.
Os parlamentares e prefeitos subordinados aos interesses dos que detêm os meios de produção tentam ocultar o real objetivo de seu projeto que é alienar e submeter os filhos dos trabalhadores para que sejam servis ao Capital.
A reforma do ensino médio imposta pelo governo Temer/PMDB e pela maioria do Congresso Nacional no ano passado escancarou que o Estado do Capital quer transformar as escolas públicas na extensão do SENAI’S das Federações patronais. Expurgam as disciplinas de humanas, ou seja, tentam apagar a história, para que toda uma geração fique órfã de sua classe. Para que desconheçam que tantas outras gerações lutaram, deram a vida para que direitos fossem garantidos. Lutaram pelo direito de questionar, lutaram pelo direito de lutar.
O projeto dos parlamentares da burguesia impõe a mordaça aos professores, proibindo a devida discussão sobre o funcionamento dessa sociedade divididas em classes e amplia a opressão ao proibir a discussão sobre gênero, sexualidade, preconceito e homofobia, e assim, além de buscarem uma escola que seja a extensão das linhas de produção que sugam a vida do trabalhador, querem que os filhos de nossa classe não se descubram como seres humanos plenos de se reconhecerem diferentes e não desiguais.
Em vários projetos, a punição para o professor que não se submeter a essa violência vai do desconto dos salários à processos de insubordinação à essa aberração que querem transformar em lei.
A burguesia e seus governos querem impedir que a maioria dos filhos da classe trabalhadora descubra para que serve uma sociedade de exploração e opressão.
Os mesmos que tentam proibir a discussão de gênero e classe, são os mesmos que comungam dos ideais daqueles que no Congresso Nacional tentam com seus projetos de lei transformar a homossexualidade numa aberração, os que tentam proteger estupradores e criminalizar as mulheres vítimas de violência, os que se beneficiam da indústria de abortos clandestinos que tem matado milhares de mulheres pobres.
Quem os apoia são os mesmos que têm saudade da ditadura militar: nas manifestações contra a escola que toma partido do Capital, está a direita que apoia todas as ações do governo que atacam direitos dos trabalhadores como as reformas trabalhista e da Previdência, os mesmos que defendem a repressão contra a luta dos trabalhadores.
Em Curitiba/PR, no mês passado, a Policia Militar além de fazer vistas grossas para a ação dessa direita que atacou estudantes e professores, reprimiu os manifestantes que estavam no Ato contra o projeto de “escola sem partido”. Ou seja, é a repressão do Estado à serviço dos interesses de que nos explora.
A hipocrisia dos que estão na gerencia do Estado e no Parlamento é tanta que seu discurso berra que o projeto “escola sem partido” tem a intenção de proteger a família, de garantir aos pais e mães a educação de seus filhos, quando na verdade querem tomar os filhos desses pais e mães e sugar dessas crianças e jovens sua energia na engrenagem da alienação e da exploração capitalista.
Eles querem a perpetuação dessa sociedade que mata os filhos de nossa classe nos morros e favelas, à bala e de fome, eles querem a continuidade dessa sociedade que mata mulheres e homossexuais com as armas utilizadas por aqueles que cegos de preconceito não conseguem enxergar que ser diferente não significa ser desigual, eles querem a manutenção dessa sociedade que mata pais, mães e filhos que sendo trabalhadores são vítimas das condições desumanas de trabalho.
Contra isso é preciso tomar partido, em defesa das mulheres e homens trabalhadores, em defesa dos filhos de nossa classe. Para que nossa vida não seja submetida à mercadoria rentável e alienada ao Capital. Lutar contra o projeto da “escola que toma partido do Capital”, é lutar em defesa não só do conhecimento, é lutar pelo direito de decidir, de dizer NÃO à exploração e a opressão, de conhecer sua própria história, de saber que lutar mais do que um direito é uma necessidade.
Fonte: INTERSINDICAL