Compartilhe
Cerca de 200 moradores da Favela Esperança, na Vila Joaniza, no extremo sul de São Paulo, fizeram um protesto nesta quarta-feira (23) contra os despejos que têm atingido dezenas de famílias.
Eles reivindicam o fim das remoções na comunidade que, segundo o poder público, está situada em uma área de risco, próxima ao córrego Zavuvus, que transborda com facilidade. As famílias, assim, teriam que deixar a área para a realização de obras de canalização e drenagem do córrego.
A moradora Márcia Almeida de Oliveira, no entanto, rebate as explicações da Prefeitura e argumenta ainda que a maioria das casas não é atingida pelas inundações.
Ela também recorda que outras etapas da obra, em áreas mais nobres, não demandaram a demolição das casas, como acontece na Favela Esperança. “Perto da subprefeitura também teve canalização, mas não tiraram gente de lá”, destaca.
Márcia conta que os despejos iniciaram no final do ano passado, depois de inundações na região. Segundo ela, os moradores também são favoráveis às obras, mas insistem no direito de permanecer onde vivem atualmente. “O que queremos é a canalização do córrego, mas sem tirar a gente”, afirma.
Os moradores também reclamam de falta de alternativas habitacionais. Até o momento, a Prefeitura tem oferecido às famílias apenas a bolsa-aluguel, no valor de 400 reais, durante dois anos.
A Favela Esperança, localizada na VIla Joaniza, tem mais de 40 anos de existência, quando os primeiros moradores começaram a se estabelecer na área. Cerca de 200 famílias residem na comunidade, das quais 90 já foram despejadas.
As famílias também reclamam de pressão para deixarem suas casas. Márcia relata ameaças de funcionários da subprefeitura de Cidade Ademar. “Eles [funcionários] disseram que, se nós não sairmos, vamos perder o bolsa-aluguel e eles iam passar com o trator por cima de nós”, conta.
Protesto
Depois de uma longa caminhada pela Avenida Yervant Kissajikian nesta quarta-feira, asfamílias se dirigiram à subprefeitura de Cidade Ademar. Lá, foram recebidas pelo subprefeito, Carlos Roberto Albertim.
O encontro, no entanto, não trouxe resultados satisfatórios. “Não deram nenhuma alternativa, só disseram que iam pagar essa bolsa aluguel de 400 reais”. Depois da reunião, os moradores chegaram a trancar a Avenida Yervant em protesto contra a falta de soluções.
Para segunda-feira (28), ficou agendada uma nova audiência com o subprefeito e uma comissão de moradores para discutir o tema novamente. Se as negociações não avançarem, os moradores prometem fazer novas mobilzações.
Assista ao vídeo Canalização, sim. Despejos, não!, produzido pela Rede Extremo Sulsobre a situação das famílias da Favela Esperança.
Crédito das fotos: Rede Extremo Sul