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Mais um trabalhador rural foi assassinado em função de conflitos agrários no país. O sem-terra Pedro Bruno foi alvejado por tiros e faleceu na manhã da última segunda-feira (2) no município de Gameleira (PE). O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) aponta que o assassinato é uma retaliação à reocupação do engenho Pereira Grande, na mesma região, ocorrido no domingo anterior (1).
Para o integrante da coordenação nacional do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, a violência cresce devido à falta de prioridade da reforma agrária pelo Estado.
“A violência é inerente ao latifúndio, quer dizer, a injustiça é que produz o próprio latifúndio. Então, enquanto houver latifúndio, infelizmente, vai ter violência. Nos últimos tempos, ela [a violência] tem se aprofundado. Como o Estado não age, o Estado não está apostando na reforma agrária como uma iniciativa de desenvolvimento, os acampamentos vão ficando antigos, vão criando cada vez mais conflitos, e nós aqui estamos sofrendo muitos despejos, reintegrações de posse e muita violência”.
O engenho Pereira Grande – área reocupada, próxima de onde ocorreu o assassinato – é emblemático no conflito por terra em Pernambuco. Ele pertence à Usina Estreliana e foi declarado de interesse social para fins de reforma agrária em novembro de 2003. Atualmente, o caso está pendente na Justiça e a área só poderá ser desapropriada após julgamento final do processo. Ainda recaem sobre o dono da Usina vários crimes trabalhistas.
Na última semana, outros quatro sem-terra perderam a vida. Em Pernambuco, o trabalhador rural do MST Antônio Tiningo foi executado. Já em Minas Gerais, dois homens e uma mulher do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) foram mortos.