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Não em nome da classe, mas junto à classe mantivemos e ampliamos nossas trincheiras, colocando na prática nossos princípios de independência em relação ao Capital e seu Estado, organizando a luta a partir dos locais onde a exploração acontece.
Durante toda essa década de construção, dissemos NÃO a decretação de instrumentos que tentam em nome da classe, mas não construindo a partir da base a organização da classe trabalhadora para enfrentar o ataque dos patrões e seus governos.
Seguimos firmes dizendo NÃO a conciliação de classes, não permitimos nos locais em que estamos organizados a redução de salários e direitos. Enfrentamos a repressão do braço armado do Estado e das ações do Capital que ao não conseguir nos submeter ao pacto social defendido por todas as centrais sindicais reconhecidas pelo Estado tenta impor outras formas de arrocho e ataque aos direitos.
Persistentes na coerência entre nossa concepção e prática crescemos, mas mais do que crescer numericamente, temos avançado no salto de qualidade sem deixar o trabalho em cada categoria em que estamos organizados, avançar na luta que rompe as fronteiras do corporativismo para ampliar a luta do conjunto da classe trabalhadora.
A Intersindical se construiu no momento em que no Brasil nossa classe viveu a experiência do que significou a realização do projeto democrático e popular: a cooptação, a fragmentação e a contenção das lutas, patrocinada pelo governo do PT que foi aceito pela burguesia para impor a conciliação de classes gestada em décadas anteriores.
Em tempos em que ora a luta de classes se mostrava escancarada, ora oculta, nos dedicamos a contribuir na reorganização do movimento sindical, revelando aos trabalhadores o que tanto o Capital tendo agora um governo nascido das lutas da classe tentava ocultar.
A burguesia decidiu trocar o seu gerente na máquina do Estado e agora os ataques mudam sua forma mas seguem carregados do mesmo conteúdo dos governos anteriores: desmontar a Previdência, aumentar a jornada de trabalho, ampliar a terceirização, reduzir salários e direitos, acabar com a saúde, educação, saneamento.
Tempos duros, tempos em que o Capital libera também sua direita raivosa para ir às ruas, e mais do que atacar os instrumentos que nasceram da luta, mas se transformaram em seu contrário, como a CUT e o PT, querem de fato atacar àqueles e aquelas que não se renderam à conciliação e acreditam e lutam por uma sociedade socialista.
Tempos duros de muito arrocho salarial, de ataques diários em direitos conquistados através da luta de gerações de nossa classe que deram a própria vida para avançar no enfrentamento contra o Capital e seu Estado.
Tempos em que instrumentos que se transformaram e outros que já nasceram como instrumentos para conciliação de classes, tentam novamente enganar os trabalhadores, como a CUT, Força Sindical, UGT, Nova Central, CTB entre outras centrais que ao mesmo tempo em que fazem chamamentos para greve geral, já estão em plena discussão com o governo sobre sua intenção de desmontar a Previdência e realizar a reforma trabalhista.
São as mesmas centrais sindicais que dizem ser defensoras dos direitos da classe trabalhadora, que realizaram nas últimas décadas todos os acordos que agora o governo tenta impor ao conjunto da classe na forma de uma reforma trabalhista: lay-off, banco de horas, redução de salários, redução de direitos. Exemplo mais recente e escancarado é a implementação do PPE (Programa de Proteção ao Emprego que na realidade protege o empresariado) proposta apresentada pelas centrais sindicais, implementado pelo governo Dilma e agora ampliado por Temer que reduz em 30% os salários dos trabalhadores.
Portanto o momento é de avançar na luta enraizando nossa ação em cada local de trabalho, moradia e estudo para que nenhum direito seja a menos e para avançarmos em nossa luta maior contra o Capital e seus Estados nacionais.
Reafirmamos nesse Encontro que a unidade para construção da necessária greve geral deve ser construída de fato e não por convocações superficiais, ou seja, a Intersindical participará de datas nacionais, mas não nos pautaremos pelas convocações de datas que não tem por objetivo de fato construir as ações necessárias para parar a produção e circulação de mercadorias.
Nosso calendário de ação para fortalecer a mobilização passará por jornais nacionais em cada ramo e dias de mobilização em comum no setor produtivo, trabalhadores nos Correios, trabalhadores do Estado.
O próximo passo ainda a ser realizado no primeiro trimestre de 2017 é um Dia Nacional de Luta para avançar das assembleias em cada local de trabalho às paralisações.
Manter e ampliar nossas trincheiras e junto a isso ampliar nossa organização em cada local de trabalho, sendo esse o passo fundamental para consolidar a nossa luta para além da resistência, a luta maior por uma outra e necessária sociedade socialista.
Fonte: INTERSINDICAL