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Por Aline Scarso
Na quarta-feira, dia 7, data da Independência oficial, a população brasileira, apoiada por organizações populares, sai às ruas para a 17ª edição do Grito dos Excluídos. Com enfoque na denúncia dos problemas sociais locais e nacionais e para cobrar o cumprimento de direitos básicos garantidos pela Constituição, manifestantes do Distrito Federal e de todos os estados, com exceção do Acre, confirmaram atividades de protestos.
Por serem atos descentralizados e realizados com autonomia dos movimentos, a quantidade de reivindicações são variadas e dependem, na maioria das vezes, do contexto de cada município ou estado. Ainda assim, segundo Ari Alberti, integrante da secretaria nacional do Grito dos Excluídos, há denúncias que devem ocorrer em grande parte dos protestos, como a precarização da saúde e da educação, exigências de reformas consideradas mínimas como a agrária e a política, o fim da corrupção e a não aprovação do novo Código Florestal.
“Uma sociedade onde não há participação excessiva possui uma democracia manca, e a nossa sociedade, nesse sentido, está bastante manca. A gente acredita que passar do passivismo para o civismo atuante no dia oficial da Independência significa uma mudança de cultura. E o Grito tem os seus méritos de ter contribuído para essa mudança”, avalia Alberti.
O tema do evento deste ano, “Pela vida grita a terra. Por direitos, todos nós!”, faz referência à Campanha Nacional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e, de acordo com Alberti, busca expressar tanto as dificuldades pelas quais passa a natureza, com a aprovação de megaprojetos com grandes impactos ambientais, quanto o dever dos brasileiros de cobrar do Estado direitos sociais estabelecidos constitucionalmente.
Avanços
Segundo Alberti, 17 anos depois da primeira edição do Grito dos Excluídos, é possível dizer que houve avanços na participação dos atos como um acontecimento nacional. Além disso, há casos em que essa manifestação popular passou a ser objeto de estudos acadêmicos e tema de discussão nas escolas, a partir de concursos de poesias, músicas e redação.
“No primeiro Grito, em 1995, tivemos notícias de 170 atividades. Se hoje a gente está em todo o Brasil, com a exceção do Acre, de onde ainda não temos notícias, o Grito avançou numericamente e qualitativamente. Aquilo que é pautado na Semana da Pátria passa a ser reivindicado dos poderes locais, o que é extremamente importante”, explica Alberti.
Alberti também destaca que a atividade ganhou a agenda de entidades que nem sempre realizam manifestações em unidade porque possuem discordâncias políticas. Para ele, é justamente a característica descentralizadora e autônoma do ato que propicia a ação conjunta.
“[O Grito] procura ser um espaço onde não há disputa do microfone para ver quem vai falar, mas dá vez e voz aos excluídos. Isso tem ajudado a juntar essas organizações de matizes diferentes, que em outros locais e momentos não conseguem mais se juntar”, afirma.
A partir da quarta edição do evento, o Grito passou a acontecer não só no Brasil, mas em países da América Latina no dia 12 de outubro, data que ficou conhecida como descobrimento das Américas.
Na edição deste ano, a manifestação em São Paulo tem presença confirmada da Central de Movimentos Populares (CMP), Central Única dos Trabalhadores (CUT), União dos Movimentos de Moradia de São Paulo (UMM), Frente de Luta Pela Moradia (FLM), Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Sindicatos dos Servidores Municipais de São Paulo, e outras entidades.