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Aconteceu nesta quarta-feira (31) a primeira audiência pública promovida pelo Grupo de Trabalho Comissão da Verdade criado em 2016 no Ministério do Trabalho para apurar os crimes da ditadura empresarial-militar contra o movimento sindical e lideranças dos trabalhadores durante os 21 anos do regime dos quartéis. Formalmente o trabalho do GT vai se debruçar sobre o período de 1946 a 1988, mas o foco é o pós-golpe de 1964 até a redemocratização do país. O tema da primeira audiência foi “A repressão às entidades sindicais: O Ministério do Trabalho contra a Classe Trabalhadora”.
O evento aconteceu na sede da escola do Dieese, em São Paulo.
O GT – Produto de uma recomendação da Comissão Nacional da Verdade (CNV) criada pelo então governo Dilma Rousseff e da pressão de dirigentes sindicais de diversas organizações, o grupo de trabalho estudará cerca de cinco mil caixas de documentos guardados na sede do Ministério do Trabalho e seu Centro de Referência do Trabalhador Leonel Brizola, e também no Arquivo Nacional. Nas audiências públicas também serão recebidos novos documentos, depoimentos e todo tipo de material que possa comprovar os impactos das ações ditatoriais sobre os sindicatos e as vidas de lideranças dos trabalhadores durante os anos de chumbo.
Durante a audiência foi protocolado o documento Pela preservação da memória dos trabalhadores e de suas organizações. O texto ressalta que parte da história do MTE “está oculta ou desaparecida” ou “em estado lastimável”, o que compromete o resgate da memória histórica. O documento ressalta ainda que, apesar do apoio por parte da Secretaria de Relações do Trabalho do MTE, diante do volume do acervo sem organização, parte da tarefa do GT “tende a se tornar inviável”.
As centrais reivindicaram “que sejam tomadas imediatas providências para o tratamento arquivístico e preservação desses documentos a fim de frear a deterioração dos mesmos e torná-los acessíveis a quem deles necessitar”, bem como a “separação do material relativo à vigilância e intervenção às entidades de trabalhadores”.
“O mais importante do dia de hoje foi o protocolo do documento assinado pelas dez centrais junto ao representante do Ministério do Trabalho presente à audiência”, ressaltou o coordenador do Sindicato dos Radialistas de São Paulo e suplente da diretoria da Fitert, Sérgio Ipoldo.
CUT, Central dos Servidores Brasileiros, CSP-Conlutas, CTB, Força Sindical, Intersindical Central e Intersindical Instrumento de Luta e Mobilização da Classe Trabalhadora, Nova Central Sindical e UGT integram o GT.
O calendário das próximas audiências é o seguinte:
05/07 – Belém
25/07 – Rio de Janeiro
12/09 – Recife
26/09 – Porto Alegre
21/11 – Brasília
05/12 – Ato de encerramento e previsão de entrega do relatório final do GT.
Fonte: FITERT