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Aline Scarso da redação
O presidente do Chile Sebastián Piñera anunciou na noite terça-feira (05), em rede nacional de rádio e TV, um pacote de US$ 4 bilhões para um fundo nacional da educação. A criação do fundo é o ponto principal do que Pinẽra chamou de Grande Acordo Nacional pela Educação (Gane) e visa acabar com os protestos de estudantes secundaristas e universitários, que ocupam escolas por todo o país.
“Já é hora de acabar com as ocupações e os protestos e de recuperar os caminhos do diálogo. Por esta razão, proponho a todos os chilenos e chilenas um Grande Acordo Nacional pela Educação (Gane), cujos principais objetivos são melhorar a qualidade, o acesso e o financiamento da educação superior”, disse Piñera.
Entre as medidas estão previstas o aumento no número de bolsas no ensino técnico e a redução de juros no crédito educativo. As principais entidades estudantis, entretanto, consideraram insuficiente e pouco claro as propostas de Piñera e disseram que vão permanecer mobilizadas para garantir uma educação de qualidade e gratuita no país.
Diferentemente do Brasil onde as universidades públicas são mantidas com impostos, no Chile são cobradas mensalidades dos universitários. Dos cerca de 1 milhão de estudantes que cursam universidades, a maioria tem que recorrer à empréstimos para pagar as aulas, e acabam endividados.
“Com alguns pesos a mais, não se vai respeitar a lei que proíbe o lucro nas instituições universitárias privadas, e se está atendendo mais aos interesses de uma determinada classe política que aos dos estudantes chilenos”, afirmou Camila Vallejo, presidente da Federação dos Estudantes da Universidade de Chile ao site Opera Mundi.
Apesar de ter reconhecido em seu anúncio a dívida do Chile com a educação dos jovens, o presidente Piñera descartou a possibilidade de estatização das universidades chilenas, alegando que “isto constitui um grave erro e prejudica profundamente tanto a qualidade como a liberdade de ensino”.
As reivindicações estudantis, segundo pesquisa do Instituto ImaginAcción e da Rádio Educativa, contam com o apoio de 81,9% dos chilenos; 80,7% dos entrevistados disseram que o ministro da Educação, Joaquim Lavín, não é capaz de resolver o conflito com os estudantes. Outros 69,4% são contra a repressão as manifestações estudantis.
Na última quinta-feira (30), cerca de 80 mil pessoas saíram pelas ruas de Santiago, em protesto que repercutiu em todo o país, envolvendo aproximadamente 500 mil chilenos em atos, em um dos maiores protestos das últimas décadas no Chile. Em Santiago, houve forte repressão contra os manifestantes por parte da polícia que utilizou de bombas e jatos d’água para dispersar o protesto.
Na terça-feira (5), estudantes também acamparam na Praça de Armas de Santiago em um protesto pacífico e bem-humorado. Eles simularam uma praia para ironizar o ministro Joaquín Lavín, repercutindo a declaração do presidente do Sindicato dos Professores, Jaime Gajardo, que disse que Lavín estava mais preocupado com suas férias do que com os problemas da educação chilena.
De acordo com pesquisas do Instituto Cerc, o presidente Sabastián Piñera tem apenas 35% de aprovação, contra 53% de rejeição. O índice de popularidade do presidente caiu 12%, atingindo o menor nível já registrado por um presidente chileno desde 1990.
Com Opera Mundi e Agências