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Governo proibiu evento alegando que ele tinha motivação política
Dezenas de pessoas foram presas nesta segunda em Teerã, em marcha convocada originalmente por líderes oposicionistas para mostrar apoio às mudanças ocorridas na Tunísia e no Egito. Mas o evento iraniano acabou se transformando numa demonstração de descontentamento contra o regime do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
“O que vemos no Irã hoje é uma prova de coragem do povo iraniano e da hipocrisia do regime iraniano – um regime que nas últimas semanas elogiou o ocorrido no Egito”, declarou Hillary a jornalistas em Washington.
Horas antes, ela havia dito também que os manifestantes iranianos “merecem ter os mesmos direitos que viram ser exercidos no Egito”.
“Acreditamos que deve existir um compromisso para a abertura do sistema político do Irã, para que sejam ouvidas as vozes da oposição e da sociedade civil”, declarou.
Os policiais iranianos usaram golpes de cassetete e bombas de gás lacrimogêneo para conter a multidão, que se reuniu em vários pontos de Teerã.
As autoridades cortaram a eletricidade e bloquearam o funcionamento de telefones celulares no centro da capital.
A BBC recebeu relatos de protestos similares em outras importantes cidades iranianas, como Isfahan, Mashhad e Shiraz.
Segundo a agência semioficial Fars, uma pessoa morreu após ser alvejada por manifestantes, e dezenas ficaram feridas.
Egito
Mohsen Asgari, um funcionário da BBC em Teerã que foi afetado pelo gás lacrimogêneo, descreveu o centro de Teerã como um “caos total”, com “confrontos graves” entre a polícia e os manifestantes, além de muitas prisões.
Apesar de o governo iraniano oficialmente apoiar os protestos no Egito, sustenta que as manifestações de Teerã são “ações políticas” dos líderes de oposição, justificando a proibição da realização do evento.
De acordo com o site oficial do líder de oposição Hossein Mousavi, a polícia o colocou em prisão domiciliar nesta segunda-feira. A página na internet afirma que esta medida visava impedir que Mousavi participasse do protesto.
CliqueLeia mais na BBC Brasil: Líder oposicionista iraniano alega estar em prisão domiciliar
Mehdi Karroubi, outro líder oposicionista, também foi supostamente proibido de sair de casa.
Guindaste
Analistas afirmam que o governo do Irã está tentando evitar que os grupos oposicionistas do país usem as manifestações do Egito como desculpa de retomar os protestos contra o governo, que ocorreram em peso em 2009 contra a então reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
O jornalista da BBC conta que, em um gesto surpreendente, um homem escalou um guindaste no centro de Teerã e começou a chamar as pessoas para a manifestação desta segunda-feira.
O homem ameaçou se matar se as autoridades tentassem se aproximar, mas depois foi preso pela polícia, segundo Mohsen Asgari.
Na manhã desta segunda-feira, furgões da polícia iraniana bloquearam o caminho que leva à casa de Hossein Mousavi e desconectou o telefone celular e o fixo do líder oposicionista, segundo seu site Kaleme.com.
Na semana passada, quase uma dezena de pessoas próximas a Mousavi foram detidas.