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Especialistas italianos concluíram que existe uma “conexão significativa” entre a exposição à radiação emitida por transmissores da Rádio Vaticano e uma maior incidência de câncer entre crianças que moram próximo às antenas, nos arredores de Roma.
Após cinco anos de uma investigação ordenada pela Justiça, especialistas do mais prestigioso centro de pesquisas sobre câncer da Itália concluíram que uma alta incidência de tumores e de leucemia entre crianças de cidades e vilarejos próximos a Roma têm relação com a radiação eletromagnética emitida por 60 transmissores da rádio localizados na região.
A investigação confirmaria outros dois estudos realizados desde 2001 e que concluíram que os campos magnéticos no entorno dos transmissores da Rádio Vaticano seriam mais altos do que os limites permitidos e que haveria uma relação entre isso e a incidência de câncer.
Em 2005, um cardeal e um padre responsáveis pela rádio foram condenados por “poluir a atmosfera com ondas eletromagnéticas poderosas”, mas tiveram as condenações revertidas dois anos depois.
Surpresa
O atual chefe da Rádio Vaticano, o padre jesuíta Federico Lombardi, se disse surpreso com as conclusões da nova investigação e afirmou que estudos científicos internacionais nunca fizeram a conexão entre as ondas eletromagnéticas e a incidência de câncer.
Segundo ele, a rádio apresentará suas próprias conclusões à Justiça italiana.
As cerca de 60 antenas instaladas em terras de propriedade da Igreja Católica perto de Roma transmitem os programas da Rádio Vaticano em ondas curtas e médias para todo o mundo em cerca de 40 línguas.
Mas a tecnologia é considerada obsoleta com o crescente uso da internet. Rádios católicas em vários países retransmitem hoje a programação da Rádio Vaticano retirada da internet.
Moradores vizinhos às torres questionam na Justiça o uso dos transmissores há mais de uma década.
Além das preocupações com a saúde, muitos alegam ainda que as ondas emitidas pelos transmissores afetam também a recepção dos sinais de TV e interferem em vários eletrodomésticos.
De acordo com o padre Lombardi, a Rádio Vaticano sempre seguiu as normas internacionais relacionadas aos limites de emissões eletromagnéticas e, em 2001, fez um acordo com o governo italiano para adotar limites ainda mais duros para “responder com cuidado, como é necessário, às preocupações potenciais dos moradores vizinhos”.