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Para conscientizar a população sobre a importância dos exames preventivos, nesta última sexta-feira 05 de fevereiro foi comemorado o Dia Nacional da Mamografia. O dia foi escolhido por ser o de Santa Ágata, protetora das mamas e padroeira dos mastologistas.
“Hoje, as chances de sobrevivência das brasileiras diagnosticadas com câncer de mama são de cerca de 40%”, diz Alessandra Durstine, vice-presidente em estratégias regionais e diretora para América Latina da ONG American Cancer Society (Sociedade Americana do Câncer). Ela acredita que esse valor possa dobrar, alcançando média semelhante a dos EUA, com políticas públicas que incentivem a mamografia e permitam o acesso aos tratamentos adequados.
“A incidência do câncer de mama tem aumentado por motivos que nem sempre são controláveis, como a menarca precoce e o adiamento da maternidade, mas os índices de mortalidade podem ser reduzidos com diagnóstico precoce e tratamento correto”, acrescenta a especialista, que participou de um fórum sobre a doença em São Paulo esta semana.
Uma das críticas feitas por Durstine é a demora em se iniciar o tratamento do câncer, após o diagnóstico. Segundo ela, esse prazo, no Brasil, é de seis meses, em média.
Idade para começar
No ano passado, uma polêmica em torno da idade correta para se iniciar a mamografia de rotina deixou pacientes confusas no Brasil e nos EUA. Muitos médicos, assim como a Sociedade Americana do Câncer, defendem que o exame seja feito a partir dos 40 anos. Em alguns casos, como quando há casos da doença na família, pode ser feito até antes. “Cabe ao médico decidir a idade para começar, mas a mulher tem a responsabilidade de ir atrás da prevenção”, comenta Durstine.
No Brasil, nem metade das mulheres com mais de 25 faz mamografia
Exame é essencial na prevenção e combate ao câncer de mama, mas continua pouco utilizado por brasileiras.
Quase metade (45,5%) da população feminina de 25 anos ou mais de idade nunca foi submetida à mamografia, considerado o principal exame para detectar o câncer de mama. É o que indica o Suplemento de Saúde da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2008, divulgado nesta quarta-feira (31). O percentual equivale a 26,4 milhões de mulheres.
O Ministério da Saúde recomenda o rastreamento de câncer de mama por mamografia, para as mulheres com idade entre 50 a 69 anos, com o máximo de dois anos entre os exames. Nessa faixa etária, 28,9% nunca fizeram a mamografia, de acordo com o levantamento.
No Norte, cerca da metade (50,2%) das mulheres de 50 a 69 anos de idade nunca realizaram o exame. No Nordeste, o percentual foi de 45,1%.
A pesquisa também revelou que, em 2008, 54,5% da população feminina com 25 anos ou mais foi submetida ao exame de mamografia ao menos uma vez. O resultado representa um crescimento de 48,8% em relação a 2003, quando o percentual foi de 42,5%.
Na faixa etária de 50 a 69 anos, o percentual foi de 71,1%, contra 54,6% registrados em 2003.
Com relação à escolaridade, observou-se que 41% das que se submeteram ao exame em 2008 tinham 11 anos ou mais de estudo.
Exame clínico das mamas
A pesquisa também mostra outro dado preocupante. O exame clínico das mamas, feito por médico ou profissional de saúde sem a necessidade de qualquer equipamento especial, ainda não é feito por todas as brasileiras. Em 2008, 70,2% das mulheres com 25 anos ou mais foram submetidas ao exame, o que indica crescimento de 28,5% em relação a 2003.
Do total de mulheres que fizeram o exame em 2008, 42,5% tinham 11 anos ou mais de estudo.
O Ministério da Saúde explica que o procedimento é compreendido como parte do atendimento integral à saúde da mulher, devendo ser realizado em todas as consultas clínicas, independente da faixa etária.
Entre as mulheres que viviam em domicílios com rendimento mensal domiciliar per capita superior a 5 salários mínimos, observou-se que 94,1% delas haviam se submetido a exame clínico das mamas. Já aquelas para as quais o rendimento era inferior a um quarto do salário mínimo, apenas 44,8% o fizeram.
A Região Sudeste apresentou o maior percentual de mulheres que realizaram exame clínico das mamas (79,8%) e o Norte, o menor (51,2%).
Câncer de colo do útero
A pesquisa também mostrou que, em 2008, 84,5% da população feminina com 25 anos ou mais foi submetida a exame preventivo para câncer do colo de útero, o que representa um total de 49 milhões de mulheres. Em 2003, o percentual foi de 79%.
O Ministério da Saúde recomenda que toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve submeter-se a exame preventivo periódico, especialmente se estiver na faixa etária dos 25 aos 59 anos de idade.
No grupo de mulheres de 25 a 59 anos de idade, 87% tinham realizado alguma vez o exame preventivo. As Regiões Sudeste e Sul registraram, respectivamente, 89,6% e 89,2%, os maiores percentuais de realização desse exame. O Nordeste, por outro lado, foi onde se verificou o menor percentual, 81,7%.
O Suplemento de Saúde da Pnad 2008 foi feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em parceria com o Ministério da Saúde. Foram pesquisadas 391 868 pessoas e 150 591 unidades domiciliares distribuídas por todas as Unidades da Federação.