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Foto: comandodegreveunir.blogspot.com
Greve na Universidade Federal de Rondônia: o início
Em meados de setembro deste ano, alunos da Universidade Federal de Rondônia (Unir) começaram a se mobilizar buscando melhorias nas condições de nossa Universidade. O início, tímido, foi no boca-a-boca, nas reuniões entre Centros Acadêmicos… Sem exagero, a visão da Universidade Federal de Rondônia (recentemente mostrada em uma reportagem do Fantástico) causa assombro aos desavisados. Não temos instalações elétricas seguras, falta equipamento de combate e prevenção a incêndios, temos dois pára-raios radioativos no campus, nossos pontos de ônibus não têm cobertura, o mato é um convite às inúmeras cobras e caranguejeiras que vem nos visitar nas salas, não temos água para beber ou mesmo lavar as mãos ou dar descarga nos banheiros…
É importante que se diga: a greve não busca melhorias de salário ou não se encontra sob a bandeira de nenhum partido político ou sindicato. Foi um movimento deflagrado no sentido de mudar a situação da Universidade. Não temos professores suficientes, ou salas de aula, ou iluminação, ou segurança…Evidentemente os professores compartilharam desse ambiente insalubre e digno de filme de terror e acabaram, também, compartilhando do espírito dos alunos de que algo deveria ser feito. Essa luta não era nova. Em 2008 o reitor (o mesmo reitor de hoje), Januário de Oliveira Amaral, assinou um termo de compromisso no qual se comprometia a fornecer estrutura básica para o funcionamento de nossa Universidade (veja neste link cópia do documento:http://dceunir.blogspot.com/p/documentos-greve-geral-2011.html).Sendo assim, no dia 14 de setembro de manhã, os professores decidiram em assembleia paralisar suas atividades, sendo que pela parte da tarde os alunos também decidiram cruzar os braços.
Há cursos que cancelaram, inclusive, o vestibular, por não ter condições de receber novos alunos! Em outros, 16 turmas fazem rodízio para um espaço onde há apenas seis salas! Como querer que alguém estude ou trabalhe em um local onde no banheiro não há luz, mictório, água para lavar as mãos ou dar descarga, tampouco papel higiênico?! Não… isso tinha que mudar.
A pauta grevista era, naquele momento, para que o acordo de 2008 fosse cumprido.
Em resposta a pauta grevista, a administração da Universidade disse que as reivindicações por melhorias não fariam sentido, já que a Universidade, por mais que apresentasse problemas, estava bem, obrigado. Segundo a reitoria, 95% da pauta grevista já estava atendida (o documento está disponível no site do DCE da UNIR, acima).
Aos poucos, o movimento dos alunos se transformou em um movimento para afastamento da administração atual, por entender que havia uma série de denúncias – em licitações, obras, recursos, fundação de apoio (Fundação Riomar), concursos públicos, etc. – que precisavam ser tiradas a limpo. Ato contínuo, o movimento grevista montou um dossiê de 1.500 páginas onde essas denúncias eram sistematizadas e foi a Brasilia, encaminha-las ao MEC e a Casa Civil, da Presidência da República Isso foi em 17 de outubro, quase um mês após o início da greve.
Na Casa Civil, com todas as letras, ouviram oficiosamente de um assessor que uma vez que a administração atual da Universidade contava com o apoio de um político da executiva nacional do PMDB, base aliada do Governo Federal no congresso, nada haveria a ser feito.
A governabilidade e as alianças do Governo Federal eram, afinal, mais importantes que a moralização e ética no Ensino Superior, ainda mais em um lugar como Rondônia, onde a mídia não chega… A partir de então, os ânimos começaram a se acirrar…
E começa a violência…
Em 21 de outubro, 4 dias após a reunião com o MEC, em Brasilia a Polícia Federal, em uma tentativa desastrada (e desastrosa) de descoupação do prédio da Reitoria, ocupada pelos alunos da instituição desde o dia 05 de outubro, acabou agredindo um Deputado Federal que lá estava, tentando negociar (Deputado Mauro Nazif, PSB-RO) e prendendo um professor, que nada fazia a não ser observar a cena.
A ocupação da reitoria, por parte dos alunos se deu de forma pacífica, ao amanhecer… aproveitando o descuido do guarda que cuidava da segurança do prédio, eles entraram por uma porta lateral. Sua justificativa: salvaguardar os documentos que lá se encontram, pois eles poderiam servir como provas em eventuais investigações sobre as denúncias. O reitor, como forma de pressioná-los a sair, mandou que cortassem a luz e a água do prédio. Mesmo assim eles seguem resistindo… Cheguei a entrar no prédio, após a ocupação dos alunos, e garanto que o prédio está intacto e não sofreu qualquer tipo de vandalismo. Até coleta seletiva os alunos mantém por lá…
Abaixo alguns vídeos mostrando o momento da prisão do Prof. Valdir Aparecido, do Departamento de História (Campus de Porto Velho), bem como a agressão ao parlamentar:
http://www.youtube.com/watch?v=xeBQh3BlGaU&feature=player_embedded
http://www.youtube.com/watch?v=II88f_0Xn_E&feature=player_embedded