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O crescimento econômico estimado em 7% para este ano está permitindo que o Brasil mantenha as menores taxas de desemprego de sua história, e abre espaço para campanhas salariais cada vez mais vantajosas para os trabalhadores.
Apenas com o reajuste recente dos metalúrgicos do setor automotivo, de 10,8%, cerca de R$ 837,5 milhões serão injetados na economia no segundo semestre. Com o reajuste de 9,3% que está sendo fechado pelos petroleiros, e de 7,5% dos trabalhadores telefônicos, é possível prever que uma montanha de dinheiro entrará em circulação nos próximos meses.
Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 97% das 290 negociações salariais do primeiro semestre de 2010 resultaram em ganhos iguais ou acima do índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 4,29% até agosto.
O coordenador de Relações Sindicais, José Silvestre de Oliveira, diz que a previsão é a de que as negociações da segunda metade do ano sejam ainda melhores: “Em 2010 teremos provavelmente os melhores ganhos reais desde 1996, quando começamos a fazer a pesquisa”, diz. “A conjuntura econômica2002. O rendimento médio do trabalhador cresceu 5,5% frente omesmomês de 2009.
Para o professor da USP e presidente do Instituto Brasileiro de Relações de Emprego e Trabalho, Hélio Zylberstajn, a dificuldade em contratar enfrentada por alguns segmentos permite ao sindicatos negociarem melhor. “Há vagas tanto para quem já estava procurando emprego quanto para quem chega e, quando isso acontece, a tendência é de que o preço da mão-de-obra suba”.
Outro argumento dos sindicatos é a produtividade maior da indústria. Segundo Rogério de Souza, economista do Iedi, pesquisas recentes de produção física e emprego na indústria, do IBGE, mostram que ela cresceu 8,4% em12meses até julho: “Se o trabalhador está produzindomais por hora trabalhada, as empresas podem repassar parte desse ganho para os salários sem que haja pressão inflacionária”, avalia.
Além disso, o fato de a indústria ter folga na capacidade instalada de produção tira um pouco da pressão de custos.
“Nos dois últimos trimestres de 2009, a formação bruta de capital fixo (investimentos em capacidade) cresceu mais de 7%. Isso criou uma capacidade que a indústria está usando agora”, complementa.
Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostraram que o nível de utilização está muito favorável”.
Segundo o vice-presidente da CUT nacional, José Lopes Feijó, além do reajuste de 10,8% os metalúrgicos conseguiram abono de R$ 2,2 mil.
“Isso poderá pautar negociações de outras categorias, porque eles são uma referência importante que tem muita visibilidade e mobilização”. Em 2009, apenas 90% das negociações resultaram em correções acima da inflação.
Uma das explicações para o maior poder de barganha é a redução contínua do desemprego, que já resulta em escassez de mão-de-obra em alguns setores, como construção civil.
Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a taxa de desocupação ficou em 6,7% em agosto, o menor patamar desde o início da série histórica, em 2002. O rendimento médio do trabalhador cresceu 5,5% frente o mesmo mês de 2009.
Para o professor da USP e presidente do Instituto Brasileiro de Relações de Emprego e Trabalho, Hélio Zylberstajn, a dificuldade em contratar enfrentada por alguns segmentos permite ao sindicatos negociarem melhor. “Há vagas tanto para quem já estava procurando emprego quanto para quem chega e, quando isso acontece, a tendência é de que o preço da mão-de-obra suba”.
Outro argumento dos sindicatos é a produtividade maior da indústria. Segundo Rogério de Souza, economista do Iedi, pesquisas recentes de produção física e emprego na indústria, do IBGE, mostram que ela cresceu 8,4% em12meses até julho: “Se o trabalhador está produzindo mais por hora trabalhada, as empresas podem repassar parte desse ganho para os salários sem que haja pressão inflacionária”, avalia.
Além disso, o fato de a indústria ter folga na capacidade instalada de produção tira um pouco da pressão de custos.
“Nos dois últimos trimestres de 2009, a formação bruta de capital fixo (investimentos em capacidade) cresceu mais de 7%. Isso criou uma capacidade que a indústria está usando agora”, complementa.
Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostraram que o nível de utilização da capacidade instalada ficou em 82,3% em julho, com queda de 0,2%. Em junho de 2008, quando o Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros para conter a inflação, antes da crise, ela chegou a 86,1%.
Para o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, em algum momento a pressão inflacionária aparecerá.
“Com a economia aquecida e a demanda forte, os reajustes se convertem em maior consumo e isso pressiona ainda mais a demanda.
Não vai fazer com que inflação saia da meta, mas contribuirá para que ela fique acima do centro de 4,5% (a margem é de até dois pontos percentuais)”.
Segundo ele, pode ser que a autoridade monetária tenha que elevar os juros a partir do segundo trimestre de 2011, em até 1,5 ponto percentual no ano.