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Entre os demitidos não figuram os trabalhadores da TV Assembleia, que já assinaram aviso prévio na semana passada — mas que serão absorvidos pela Fundação para o Desenvolvimento das Artes e Comunicações (Fundac). Dez do total de afastados são jornalistas, que fazem parte das redações da TV e Rádio e da Assessoria de Imprensa da emissora. Cerca de 15% do quadro da Rádio Cultura foi cortado, assim como o único auditor da Fundação — o cargo deve ser extinto.
O processo de desmonte da TV Cultura foi acelerado quando o tucano José Serra esteve à frente do governo paulista (2007-2010). O novo governador, Geraldo Alckmin (PSDB), embora procure sinalizar distanciamento dos entulhos da gestão Serra, mostra que a Cultura não escapará do rolo compressor do PSDB.
As demissões estão ligadas à decisão do presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad, de acabar com mais duas diretorias da emissora — a de Administração e Finanças e a de Engenharia. Em novembro, Sayad acabou com as diretorias Artística e de Produção, Programação e Produção Independente e Aquisições.
A partir de agora, abaixo da Presidência, estão apenas as vices-presidências de Gestão e a de Conteúdo e as diretorias de Captação de Recursos e a de Projetos Educacionais. A ideia de Sayad é que as diretorias trabalhem na captação de recursos para a Fundação. O presidente da Fundação é um dos poucos remanescentes do governo Serra na gestão Alckmin.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo anunciou que se empenhará para estancar as demissões, além de estar atento para que todos os direitos trabalhistas sejam garantidos. “Para isso, formatamos uma campanha junto com outras entidades, a ‘Salve a Rádio e TV Cultura’, com o intuito de denunciar o desmonte da única emissora pública do povo de São Paulo. A campanha tente a ser retomada com força”, diz o presidente do sindicato, José Augusto Camargo, o Guto — que no ano passado esteve reunido com João Sayad.
O projeto da atual gestão da Fundação Padre Anchieta, ligada diretamente ao governo de São Paulo, é reduzir o quadro de funcionários e efetuar corte de verbas em algumas de suas produções. Com isso, pretendem economizar cerca de R$ 9 milhões em relação a 2010 à custa do emprego de centenas de trabalhadores. O orçamento de 2011 é menor do que o de 2010 — R$ 221,05 milhões, contra 230 milhões de do ano passado.